GEOTURISMO

Por  Fernando César Manosso*

 

 

O turismo é uma atividade econômica que movimenta trilhões de dólares no mundo anualmente e com isso têm proporcionado a criação de muitos empregos, renda e tributos.

            No Brasil, segundo a Embratur o turismo representa 8% do Produto Interno Bruto e com isso, envolve 6% da População Economicamente Ativa.

Essa atividade tem crescido exponencialmente nas últimas décadas e por isso têm precisado de atenções, sejam elas políticas, técnicas e econômicas, no entanto, essas necessidades não conseguem acompanhar esse rápido crescimento do turismo.

A atividade turística possui diversos segmentos que variam conforme o tipo de atividade desenvolvida nas viagens, sobretudo o objetivo de cada indivíduo. Denomina-se esse processo de Segmentação do Turismo, como por exemplo, turismo religioso, turismo cultural, turismo de eventos, turismo histórico, turismo esportivo, dentre outros, que por sua vez não são excludentes entre si.

Um segmento bastante recente e que vem despertando interesse em vários locais do mundo é o “geoturismo”, que é definido pela National Geography Society como um turismo sustentado nas características geográficas de um lugar, seu patrimônio ambiental, cultural e  estético, além do bem estar das populações envolvidas.

No Brasil esse segmento é pouco difundido, no entanto, isso não significa que essa modalidade de turismo já não aconteça em alguns locais, principalmente onde se pratica o ecoturismo ou o turismo esportivo, rural e o cultural.

Muitas vezes o geoturismo é citado quando há visitas a sítios arqueológicos, ou feições geológicas interessantes que ocorrem na superfície do planeta, como vulcões, serras, grandes paredões rochosos ou formações exóticas. Mas é importante dizer que as atividades geoturísticas não se restringem somente a esses aspectos e sim a qualquer visita turística de uma pessoa ou um grupo a um lugar onde o objetivo é apreciar, entender ou se interar com a paisagem.

Essa paisagem reflete situações físicas como rochas, relevo, clima, vegetação, solos, dentre outros que podem ser exóticos, bonitos, ou não, e além disso nessa mesma paisagem é possível encontrar feições socioculturais, como cultura, costumes, valores, gastronomia, etc que podem ou não ser diferente daquela original do turista. Somam-se a essa mesma paisagem as feições econômicas que essa paisagem pode refletir, como tipo de produto principal na agricultura e na pecuária, ou até mesmo as relações que existe entre os sujeitos sociais e a paisagem como um recurso econômico e não estético.

Sobre essa argumentação da paisagem como um recurso turístico para diversas modalidades de turismo, como o geoturismo por exemplo, é necessário salientar que toda paisagem, independente de possuir um valor estético, de beleza, ela possui um significado e na maioria das vezes, um sujeito humano representado por grupos sociais que estão dotados de uma cultura própria que também não precisam ser exóticos para se tornarem atrativo turístico.

A National Geography Society cita alguns princípios para a atividade de geoturismo e dentre eles destacamos a integridade dos lugares na forma de garantir desenvolvimento econômico; o respeito às características de cada lugar; o envolvimento e a geração de benefícios para as comunidades locais e a conservação dos recursos naturais.

Nossas paisagens, bonitas ou não, possuem um significado, componentes sociais, físicos e econômicos, por isso devemos valorizá-la, independente do seu valor puramente estético.

  Portanto, frente a esse modelo de turismo, surge uma necessidade de interdisciplinaridade entre as geociências, como a geologia, a biologia, a geografia, a climatologia, a pedologia e a geomorfologia, por exemplo, com as áreas de planejamento e gestão da atividade turística como um fenômeno econômico.

 

* O autor é geógrafo, Mestre em Análise Ambiental e docente coordenador do projeto “Geoturismo”: potencialidades e popularização de geociências em Apucarana e região”, desenvolvido na Faculdade de Apucarana – FAP.  E-mail: fmanosso@yahoo.com.br

Autor: Por Fernando César Manosso*
 

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