PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO E PALEONTOLÓGICO DO
NORDESTE ATRAVÉS DO TURISMO ECO-CULTURAL
Eduardo Bagnoli ( Manary Ecotours – eduardo@manary.com.br )
No Nordeste estão algumas das paisagens geológicas mais
impressionantes de nosso País e
também diversos sítios paleontológicos, tão ricos quanto
diversificados. Além do óbvio interesse para a ciência, esses locais
representam um importante potencial para o Desenvolvimento econômico dessa
região, tendo como base o turismo eco-cultural. O clima semi-árido que implica
em uma cobertura vegetal pouco densa – típica da caatinga –
antes de ser um problema, apresenta-se como uma vantagem
competitiva tanto para a ciência quanto para o turismo. No Nordeste, via de
regra, as rochas estão magnificamente expostas, o que facilita não só seu
estudo, como também sua contemplação. Outro fator importante é a valorização
dos atrativos geológicos naturais pela forte presença do elemento cultural. O
homem pré-histórico, que habita o Nordeste há pelo menos 50.000 anos, tinha uma
inegável predileção por freqüentar esses locais que se destacam na paisagem, elegendo-os
como sítios sagrados e dignos de reverência. Ali habitavam seus deuses e entes espirituais;
assim, foi ali que eles deixaram registradas as evidências de sua passagem.
Esses vestígios são principalmente pinturas e gravuras rupestres, executados
justamente sobre os monumentos naturais mais expressivos da região, numa
quantidade e qualidade sem paralelo no mundo. Sob o ponto de vista geológico as
seguintes regiões se destacam: Parques Nacionais da Chapada Diamantina ( BA ),
da Serra da Capivara ( PI ), da Serra das Confusões ( PI ), de 7 Cidades ( PI ),
de Ubajara ( CE ), dos Lençóis Maranhenses ( MA ) e do Vale do Catimbau (PE),
além do Parque Estadual da Pedra da Boca ( PB ), APA do Cariri Paraibano, Pico
do Cabugi ( RN ), Lagea Formosa ( RN ) e Vale Monumental do Ceará ( CE ). Sob o
ponto de vista paleontológico se destacam os magníficos sítios do Vale dos
Dinossauros ( PB ), Chapada do Araripe ( CE, PE e PI ), APA do Cariri Paraibano
( PB ), Lajedo de Soledade ( RN ), Lagea Formosa ( RN ) e dunas costeiras do
litoral do Rio Grande do Norte. Nos últimos anos tanto o poder público, como o
privado tem despertado para a necessidade de preservar esse patrimônio, visando
criar as bases sustentáveis do desenvolvimento econômico da região com foco no
turismo. Cria-se com isso um novo campo de atuação para os geólogos e
paleontólogos, ligado às seguintes áreas: 1 - estudos acadêmicos tradicionais,
que visem gerar informações que serão expostas aos turistas, 2 - consultoria em
planejamento e implantação de infra-estrutura adequada
à preservação e visitação dos atrativos e 3 – atividades
ligadas a operação turística propriamente dita. Na prática, a preservação de
todo esse patrimônio é dificultada pela falta de recursos humanos, técnicos e
financeiros. Esses problemas podem ser superados com vontade política e visão estratégica
voltada para o desenvolvimento não só da ciência, mas também econômico das comunidades
carentes que vivem no entorno desses atrativos turísticos.