TÍTULO: A ATIVIDADE DO
GEOTURISMO COMO MEIO DE PROMOVER A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE (NE DO BRASIL)
AUTOR(ES): SOUSA, D. C.
CO-AUTOR(ES): NASCIMENTO, M. A. L.; MEDEIROS, W. D. A.
INSTITUIÇÃO: PPGG/UFRN
Debora do Carmo Sousa – PPGG/UFRN, debora@geologia.ufrn.br;
Marcos Antonio L. do Nascimento - Terra & Mar Soluções,
marcos@terraemarsolucoes.com.br;
Wendson D. A. Medeiros – UERN e Faculdade Câmara Cascudo, wendson@ambiental4.com.br
O interesse por preservação de áreas naturais
vem de épocas antes mesmo da criação do conceito de Unidades de Conservação
(UC). Com a criação da Lei n° 9.985/2000 que constituiu o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), muitas regiões de belezas
naturais encontram-se hoje protegidas. Inserido em um dos objetivos do SNUC
está aquele que serve para “proteger as características relevantes de natureza
geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e
cultural”. São essas características que o geoturismo utiliza como atrativos e
a sua prática proporciona ao turista não só o deslumbramento de novas
paisagens, mas também o entendimento de como aquelas feições foram geradas.
Portanto, a preocupação com o meio ambiente em UC não está somente relacionada
com a sua fauna e flora.
O RN, em questão de
paisagens, minerais, rochas (“pedras”), solos e diversos outros temas
geoturísticos, apresentam exemplos dos mais didáticos e completos. Em todas as
UC´s existentes nesse Estado (14 ao todo, sendo 4 federais e 10 estaduais) é
possível praticar o geoturismo. Aquelas que se encontram no litoral potiguar, a
exemplo do Parque Estadual Dunas de Natal, APA de Jenipabu, APA
Bonfim/Guaraíra, APA dos Recifes de Corais e a RDS Ponta do Tubarão, permitem
vislumbrarmos imensos campos de dunas com areias de diferentes cores e
exuberantes falésias sob a forma de enormes paredões. As praias e os cordões de
recifes complementam esta paisagem litorânea. No interior, o melhor exemplo é
dado pelo Parque Estadual Pico do Cabugi. Este representa o cartão postal do RN
e representa um dos únicos vulcões brasileiro que ainda preserva a sua
morfologia original. Nele ocorrem rochas denominadas de basaltos cuja idade é
de 25 milhões de anos.
Assim, acredita-se que a atividade
geoturística, se bem orientada, pode contribuir para a proteção do patrimônio
natural, e conseqüente conservação deste, por meio da sensibilização do turista
em relação à importância dos atrativos que visita, com isso buscando uma maior
educação ambiental para todos. Praticado de maneira mal planejada, esse segmento
do turismo pode se transformar num instrumento de degradação ambiental, ao
invés de ser uma ferramenta para a sua conservação. Sabe-se, portanto, que
uma boa educação ambiental favorece a preservação de qualquer patrimônio natural.
TÍTULO: A ATUAÇÃO DO GEÓLOGO NO CAMPO DO
GEOTURISMO
AUTOR(ES): SOUSA, S. K. J.; SIMÕES, L. S. A.L..
CO-AUTOR(ES):SANCHEZ, J.
INSTITUIÇÃO: UNESP/RIO CLARO
O turismo é uma atividade nascida do desejo natural das pessoas de
viajarem e conhecerem novos lugares, gerando oportunidades nos mais diferentes
campos da economia. Cada 11 empregos que surgem no mundo, um é gerado pelo
turismo.O turismo se divide em várias modalidades, dentre elas destaca-se o
ecoturismo, “modalidade
turística ambientalmente responsável, que consiste em visitar áreas com fim de
desfrutar e estudar atrativos naturais tais como: fauna, flora paisagem, etc,
assim como quaisquer manifestações culturais que propiciem um desenvolvimento
sócio/econômico em benefício das populações locais”
(Ceballos-Lascuráin, 1993). O ecoturismo possui uma estreita relação com as
ciências naturais, dentre as quais a geologia, que tem grande importância na
paisagem temática das regiões visitadas. “O geoturismo surge como proposta de
um novo ramo de ecoturismo, que usa os conhecimentos geológicos para
interpretação da paisagem” (Sousa, 2001). O profissional de geologia, atuando
no ramo do geoturismo, será responsável pela confecção de materiais
explicativos dos processos geológicos que culminaram na formação de uma
determinada paisagem, contando a história geológica da região e explicando-as
em forma de folders, cartazes, murais
e materiais multimídia e outros. O geólogo também poderá atuar na implantação
de parques ou unidades de conservação, fazendo o levantamento da geologia da
área; desenvolvendo trilhas didáticas ou turísticas com temática geológica;
preparando cursos básicos de geologia para guias/monitores ambientais. Entendendo
a geologia de um local, as ações serão mais diretas, e os resultados esperados
serão mais positivos em relação à preservação ambiental, tornando-se desta
forma uma experiência única para o geoturista, que é um tipo de turista que vem
crescendo cada vez mais nos tempos atuais. Vários trabalhos voltados ao
geoturismo vem sendo desenvolvidos no Brasil por vários grupos de pesquisa,
podendo-se citar o desenvolvido pelos presentes autores em Delfinopolis/MG
(2001), que foi um dos pioneiros no Brasil e descreve a geologia da região
através de trilhas interpretativas, usando folders;
Patrimônio Geológico e Geoturismo no Paraná (MINEROPAR/PR), que difunde o
conhecimento geológico através de painéis explicativos da geologia da região
onde estão instalados; Capacidade Geoturística do Cabo de Santo Agostinho/PE
desenvolvido pelo professor Marcos Nascimento do Rio Grande do Norte (2003);
Projeto Geoparques (CPRM), que pretende identificar, classificar, descrever,
catalogar, georreferenciar e divulgar os parques geológicos do Brasil definindo
diretrizes para seu desenvolvimento sustentável; Projeto Caminhos Geológicos do Estado do Rio de Janeiro (DRM/RJ), que
destaca os monumentos geológicos daquele estado, através de painéis
explicativos sendo um dos mais bem sucedidos em termos de implantação.
Atualmente dois dos presentes autores vêm desenvolvendo um projeto de
geoturismo para a Cratera de Impacto de Araguainha/MT, que devido à raridade do
processo geológico, revela-se como uma área muito promissora para a implantação
de um Geoparque. Os vários projetos nesta área ressaltam e revelam o potencial
de mais um campo de trabalho para atuação do geólogo.
TÍTULO: A CRATERA DE COLÔNIA COMO PARQUE
TEMÁTICO E GEORRECURSO
AUTOR(ES): VELÁZQUEZ, V. . F.,
CO-AUTOR(ES): HACHIRO, J.; RICCOMINI, C.;
SANTANNA, L. G.; GODOY, S. A. P.
INSTITUIÇÃO: EACH-USP
A Cratera de Colônia, localizada a 35 km ao sul
do centro da Cidade de São Paulo é uma feição geomorfológica que tem sido alvo
de várias pesquisas de interesse científico, principalmente, pela sua
intrigante forma circular, considerada como resultante de crateramento por
impacto de corpo extraterrestre (astroblema). A partir de 2005, em decorrência
do seu extraordinário valor científico, a região da cratera foi declarada como
Sítio Geológico pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleontológicos
(SIGEP). Além desse reconhecimento, a Cratera de Colônia também é favorecida
por duas outras leis de proteção: a de APA Capivari-Monos, medida ambiental
vigente a partir de 2001, e a do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), em
2003, que promulgou o tombamento da área ocupada pela cratera.
Apesar desses e outros instrumentos de
incentivo à preservação do espaço natural protegido da cratera, ainda não foram
conduzidos estudos específicos para consolidar esta estrutura como área de
geoconservação. Nesse sentido, a presente comunicação tem por finalidade
avaliar o sítio geológico da Cratera de Colônia, com destaque para o seu
aproveitamento como parque temático e importante marco de georrecurso.
Os elementos naturais presentes na Cratera de
Colônia fazem dela um laboratório natural para ilustrar e exemplificar o ensino
das ciências geológicas e biológicas, em seus mais diversos aspectos. As rochas
metamórficas, magmáticas e sedimentares que afloram em seu entorno, representam
verdadeiros testemunhos da história evolutiva da região desde os tempos mais
remotos até a atualidade. Os depósitos cenozóicos que ocorrem no interior da
cratera documentam importantes mudanças paleoclimáticas que aconteceram, no
mínimo, nos últimos 100 mil anos, podendo tal registro ser estendido para mais
de 3 milhões de anos. Além desses registros geológicos, a ampla variedade da
vegetação presente na parte interna da cratera, diferenciada em pelo menos três
formações distintas (mata de encosta, mata de turfeira e campo brejoso) é
importante indicadora da diversidade espacial da flora. Já as superfícies com
evidência de paleoalteração são relevantes para interpretar os processos atuais
de erosão e formação de solos.
A Cratera de Colônia reúne condições favoráveis
ao seu aproveitamento como parque temático, onde alunos de diversos graus e
distintas instituições educacionais poderão desenvolver atividades integradas,
envolvendo procedimentos da ciência e da educação. Ao mesmo tempo, levando em
conta a sua privilegiada localização geográfica e a facilidade de acesso, a
cratera se constitui numa valiosa referência de georrecursos, um pólo de
atração turística, onde a comunidade em geral poderá realizar simultaneamente
atividades lúdicas e pedagógicas ao ar livre.
Finalmente, em função da sua importância
científica, seu valor didático e sua singular beleza paisagística, a Cratera de
Colônia é um relevante patrimônio natural, fonte inesgotável de informações
geológicas, paleoclimáticas e paleoecológicas. A sua geoconservação, portanto,
é absolutamente imprescindível para que se possa dar continuidade aos estudos
que visem a melhor compreensão dos processos inerentes às ciências geológicas e
biológicas.
TÍTULO: A DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO
GEOLÓGICO ATRAVÉS DE TRILHAS INTERPRETATIVAS AMBIENTAIS: ESTUDO DE CASO
AUTOR(ES): NOGUEIRA, G. S.
CO-AUTOR(ES): GUEDES, E.; MANSUR, K. L.
INSTITUIÇÃO: DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
- DRM-RJ
1Geóloga, Departamento de Recursos Minerais – DRM-RJ, gsnogueira@drm.rj.gov.br.
2Geóloga, Departamento de Recursos Minerais – DRM-RJ, eguedes@drm.rj.gov.br.
3Geóloga, Departamento de Recursos Minerais – DRM-RJ, kmansura@drm.rj.gov.br.
A interpretação ambiental é uma técnica didática, flexível e moldável às mais diversas situações, que busca esclarecer os fenômenos naturais para determinado público-alvo em linguagem adequada e acessível, de forma a promover - o sentimento de “pertencer” à natureza, através de sua transformação interior em relação aos recursos naturais, da sua compreensão e de seu entendimento e na esperança de gerar seu interesse, sua consideração e respeito pela natureza e, conseqüentemente, pela vida. Desta forma, a interpretação ambiental constitui um dos mais importantes instrumentos da educação ambiental.
Neste contexto, um dos meios mais utilizados na interpretação ambiental está os percursos ou trilhas interpretativas, uma vez que constituem um ambiente propício ao lazer educativo, ao permitir que sejam criadas verdadeiras salas de aula ao ar livre, suscitando a curiosidade, o interesse e a descoberta, onde o aprendizado se torna uma experiência viva, qualquer que seja a sua finalidade, seja acadêmica e científica ou seja a de fornecer conhecimento e esclarecimento lúdico à comunidade em geral.
Pioneiro na divulgação da informação geológica em linguagem acessível à sociedade em geral através de seu Projeto Caminhos Geológicos, o DRM-RJ deparou-se com um novo desafio, fruto de suas obrigações como interveniente em Termo de Ajustamento de Conduta celebrado com o objetivo de mediar conflito entre a atividade de mineração e a preservação de patrimônio geológico, o de apresentar “projeto de trilha de acesso à cratera do Vulcão de Nova Iguaçu com a finalidade de expor aos pesquisadores, estudantes e a sociedade em geral os diferentes testemunhos geológicos da existência de um vulcão extinto na região”.
Norteados pela função educativa a ser desempenhada pela trilha e pela diversidade do público-alvo e, portanto, pela diversidade do grau de conhecimento e interesse deste público, buscou-se através da adequação de metodologias conhecidas para o planejamento de trilhas interpretativas e da definição de “indicadores de seletividade”, selecionar o percurso que melhor congregasse os seguintes fatores: democratização da informação geológica; diversidade de recursos ambientais; atratividade turística e segurança e conforto para seus usuários.
Este trabalho aborda a metodologia utilizada e as ações e intervenções recomendadas com vistas a implantação da trilha interpretativa do Complexo Vulcânico de Nova Iguaçu.
Palavras-chave/Keywords: disseminação do conhecimento geológico; educação ambiental; trilhas interpretativas ambientais.
TÍTULO: A ESPIRAL DO TEMPO GEOLÓGICO – UMA
EXPERIÊNCIA DE DIVULGAÇÃO DA GEOLOGIA E INTERAÇÃO COM A SOCIEDADE – RESERVA
TAUÁ, RIO DE JANEIRO
AUTOR(ES): RAMOS, A. S.; SOUZA, J. H. M.;
KOLONTAI, T.; SCHMITT, R. S.
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
Com o intuito de divulgar o conhecimento
geológico para as futuras gerações, a Reserva Tauá, área de preservação
ambiental de iniciativa privada, localizada entre Cabo Frio e Armação dos
Búzios (RJ), em parceria com a Faculdade de Geologia da UERJ, está implantando
uma espiral do tempo geológico contando a história da Terra. Este trabalho faz
parte do projeto de extensão “Coleta, descrição e catalogação dos diferentes
tipos de rochas da Região dos Lagos (RJ) para a implantação da litoteca da
Reserva Tauá e a sua integração com a comunidade da praia Raza – Armação dos
Búzios”. Além disso, Reserva Tauá possui uma paleolaguna preservada com uma
placa do projeto Caminhos Geológicos (DRM-RJ).
Com a construção de uma espiral do tempo geológico pretende-se contar
todas as transformações do nosso planeta através de placas que descrevem os
fatos mais marcantes em cada período geológico. A estrutura do monumento já
está erguida com degraus montados sobre seixos de basalto e anfibolitos, rochas
típicas da região. No alto da espiral, uma pantera negra representa o tempo
Recente com os desafios apresentados pelo planeta hoje. As placas serão
distribuídas nos degraus da subida, com o tempo geológico ascendente. As
subdivisões selecionadas foram: Hadeano, Arqueano, Proterozóico, e todos os
períodos do Fanerozóico, com menção às suas respectivas Eras. Em todas as
placas, será exaltada a evolução da vida, relacionando-se diretamente com os
eventos tectônicos, climáticos e extraterrestes que afetaram o planeta,
destacando ainda os eventos geológicos ocorridos especificamente na Região dos
Lagos, leste do Rio de Janeiro. Na entrada do parque da espiral, será instalada
uma placa maior com informações sobre o que é geologia e o tempo geológico. A
metodologia incluiu: (1) levantamento bibliográfico do material sobre o tempo
geológico; (2) duas visitas ao campo para medições e estudo da estrutura
arquitetônica da espiral; (3) planejamento das placas (dimensões, constituição,
etc); (4) confecção dos textos para as placas; (5) confecção e instalação das
placas; (6) divulgação e apresentação de palestras para a comunidade local
sobre o tema. A espiral do tempo geológico será de grande importância para a
comunidade, que congrega várias escolas de ensino fundamental, mas também
servirá para que o público em geral, os turistas e os profissionais da área de
ciências da natureza e da Terra possam conhecer mais a história do planeta e do
território fluminense.
TÍTULO: A INFORMAÇÃO QUE PROMOVE O CONHECIMENTO
GEOLÓGICO: IMPORTÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO DO PATRIMÔNIO PARA O GEOTURISMO
AUTOR(ES): GOMES, B. P. M.; RUCHKYS, U. A.
INSTITUIÇÃO: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
DE MINAS GERAIS
O modelo de relações predominante na sociedade
contemporânea é baseado na informação e na possibilidade de se fazer uso dela,
em termos de processamento, de armazenamento e de troca. Nesta sociedade da
informação, compreendida como uma época em que a informação flui a velocidades
surpreendentes e em grande quantidade, transformando profundamente a
organização social e suas relações econômicas, o papel da informação como
recurso econômico e cultural demanda ampla discussão. Paradoxalmente, um dos
maiores problemas contemporâneos é exatamente relativo à informação, que em
alguns setores existe em abundância, em outros de maneira escassa; e há ainda
sérios problemas em relação à qualidade da informação que se veicula. Em
relação à atividade informacional de interpretação do patrimônio, a qualidade
da informação deve estar relacionada à sua capacidade de ser relevante, criando
significados que despertem para a importância de conhecer e preservar os
patrimônios de diversos tipos, inclusive o patrimônio geológico; agregando
valor e aumentando o repertório de conhecimento do usuário. Assim, a informação
contida na interpretação do patrimônio não é considerada um fim, mas um meio de
criar conhecimento modificador e inovador. No contexto do geoturismo, a
interpretação é uma atividade informacional de promoção e gerenciamento do
patrimônio geológico em que é fundamental que as informações sejam dadas de
maneira atraente aos visitantes, abrindo mão de uma linguagem puramente técnica
ou científica, fora do alcance e do interesse da maioria do público leigo, e
“traduzindo-a” para a linguagem comum das pessoas. A divulgação do conhecimento
geológico para leigos, quando o conteúdo de informações é bem apresentado, pode
constituir uma possibilidade de maior entendimento e aproximação do homem com
os recursos naturais, tornando a geologia acessível ao cidadão comum, a fim de
que possa ser cativado para um melhor entendimento da importância do terreno
que ocupa, ou da paisagem que observa. O conhecimento coletivo do patrimônio
geológico de cada local leva o turista a apreciar seu valor e,
conseqüentemente, a contribuir para sua proteção. Partindo de alguns princípios
fundamentais, a interpretação auxilia na educação para a conservação e também
na valorização do patrimônio geológico como recurso para o turismo.
Privilegiando a linguagem informativa e educativa, mostra para o visitante os
fatos que estão além das aparências sendo, assim, uma forma estimulante de
fazer as pessoas entenderem os significados do patrimônio geológico. Seus
principais objetivos são: (1) facilitar o conhecimento e apreciação do meio
ambiente objetivando conservar seus recursos naturais, históricos e culturais;
(2) aumentar a satisfação do visitante, proporcionando uma experiência
agradável e significativa; e (3) servir como ferramenta para o manejo dos
visitantes. Auxiliando as pessoas a encontrarem sentido nas experiências de
visitas a lugares, possibilita uma apreciação e uma compreensão mais profundas
dos patrimônios geológicos visitados.
TÍTULO: A INSERÇÃO DOS MONUMENTOS GEOLÓGICOS NA
PONDERAÇÃO DE INTERESSES DA IMPLEMENTAÇÃO DAS ÁREAS DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
AUTOR(ES): ALMEIDA, P. P. A.
CO-AUTOR(ES): GERALDES, M. C.
INSTITUIÇÃO: CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL
Pedro Paulo Andrade de Almeida; Mauro César
Geraldes
Advogado da CPRM – Serviço Geológico do Brasil
Professor da Faculdade de Geologia da UERJ –
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
A gestão dos recursos econômicos envolve a
ponderação entre as necessidades ilimitadas e os recursos limitados. Desse modo
há de compor dentro de circunstâncias o que é o aceitável a partir do que seja
considerado pela sociedade como razoável. A ponderação requer observar os
objetivos estabelecidos nas políticas públicas dentro da esfera da reserva do
possível.
Neste contexto tem-se atualmente no Brasil um
Sistema Federal de Áreas de Unidade de Conservação, que conta com 278 áreas com
as mais diversas denominações e natureza, logo, destinação. Essas áreas
onerariam ao país em R$ 1,8 Bilhão para sua efetiva implementação, e para a
manutenção que permitisse o seu funcionamento outros R$ 395 milhões por ano.
O nível de desenvolvimento do Brasil exige
alocação de recurso em outras atividades de modo a fazer frente as enormes
necessidades da população brasileira. Assim o investimento ou despesa,
dependendo da perspectiva adotada, exige o estabelecimento de prioridades.
O grande número de Unidades de Conservação
inviabiliza a plena implementação das áreas, o que impõe a sociedade além do
estabelecimento de prioridades que as áreas sejam representativas dos
ecossistemas existentes no Brasil, possuindo características que a distingue.
De forma especial e inserido neste contexto de
buscar a representatividade da diversidade existente se mostra necessário,
ainda mais quando o Brasil como signatário da Convenção da Unesco para a
Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, que objetiva reconhecer os
sítios culturais e naturais em todo o planeta.
Já se encontram definidos como prioritários
pelo Projeto Geoparques, desenvolvido pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil,
as áreas de conservação: Minas de Camaquã (RS), Parque das Ametistas(RS),
Iguaçu (PR) e Cabo de Santo Agostinho (PE).
As áreas de caráter eminentemente geológicas,
em especial, os Monumentos Geológicos possuem na necessidade de preservação
para futuras gerações, na educação ambiental e no desenvolvimento sustentável o
tripé fundamental de justificativa da sua existência, contudo, deve acrescer a
estas o reconhecimento da sociedade de uma ciência que conceitualmente tem-se
alargado, de geologia para geociências e desta para ciência da terra, mais que
palavras, conceitos. De igual modo tem a ampliação e conseqüente valorização do
profissional de geologia.
TÍTULO: A PRÁTICA DO GEOTURISMO NO PÓLO SERIDÓ
E SUA IMPORTÂNCIA PARA A GEOCONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO NO SERTÃO DO
RIO GRANDE DO NORTE
AUTOR(ES): NASCIMENTO, M. A. L.
INSTITUIÇÃO: TERRA & MAR SOLUÇÕES
Marcos Antonio L. do Nascimento - Terra &
Mar Soluções, marcos@terraemarsolucoes.com.br
O Programa de Regionalização do Turismo –
Roteiros do Brasil promovido pelo Governo Federal em parceria com os Governos
Estaduais permitiu a criação de diferentes pólos turísticos no Brasil. No RN
foram individualizados três pólos: Costa das Dunas, Costa Branca e Seridó. No
caso dos dois primeiros há interação entre atrativos litorâneos e aqueles
encontrados no interior; enquanto que o último envolve atrativos exclusivamente
situados no interior. O referido programa vem contribuindo para o
desenvolvimento do turismo nos municípios envolvidos, através da criação de
roteiros e produtos, favorecendo a participação das comunidades, a geração de
emprego e renda, a diminuição dos problemas sócio-econômicos e a minimização
dos impactos ambientais.
Dentre os três pólos, o Seridó é o que apresenta a
maior geodiversidade.
Isto se deve ao fato da região ser uma das mais completas em patrimônios
geológicos, os quais são decorrentes dos inúmeros processos naturais a que ela
foi submetida ao longo do Tempo Geológico.
Neste pólo, o relevo se destaca na paisagem
proporcionando cenários exuberantes e mirantes que permitem a contemplação de
áreas pouco conhecidas. Na constituição do relevo, destacam-se as serras, os
picos e afloramentos de rochas, cujos melhores exemplos são: Serra de Santana,
em Cerro Corá; serras do Chapéu, da Acauã e Pico do Totoró, em Currais Novos;
serras do Bico da Arara, afloramento Poço do Artur e a região do Açude
Gargalheiras, em Acari; Monte do Galo, Pedra do Dinheiro, em Carnaúba dos
Dantas; serras das Queimadas, da Maniçoba e do Maribondo, em Parelhas; e as
serras de São Bernardo, da Formiga e a Gruta da Caridade, em Caicó.
A mineração possui um
potencial geoturístico particular, destacando-se o Distrito Mineiro da Brejuí,
em Currais Novos. Na Mina Brejuí dos 60 km de túneis subterrâneos
aproximadamente 300 metros já estão preparados para visitação.
Observam-se, também, registros do homem e de
animais pré-históricos por solos potiguares, nos inúmeros sítios arqueológicos/paleontológicos.
Pinturas rupestres são encontradas na região de Carnaúba dos Dantas, tendo sido
catalogados mais de 80 sítios, com destaque para os Sítios Xique-Xique I, Casa
Santa e Pedra do Alexandre, onde ocorrem gravuras e pinturas das 3 grandes tradições
de pinturas rupestres do Nordeste brasileiro – Nordeste, Agreste e
Itaquatiaras. Em Parelhas, ocorre o Sítio Mirador, onde foram encontrados
vestígios da presença do homem antigo, com idade de 10.000 anos atrás.
Convém lembrar, que os sítios
mencionados são apenas uma amostra do que o Pólo Seridó possui em termos de
atrativos geoturísticos. Diante desse panorama, ressalta-se a importância de um
planejamento prévio e estratégico para o desenvolvimento desta atividade para
que ela se perpetue como uma fonte de emprego/renda para os municípios e
comunidades envolvidas. Porém, tal planejamento deve se orientar em bases
preservacionistas, haja vista que o patrimônio geológico possui a
particularidade de ser único e irrecuperável: uma vez deteriorado estará
perdido para sempre.
TÍTULO: A SÉRIE TEMPOS DO BRASIL: EXEMPLO
ESTRATÉGICO DE DIVULGAÇÃO CULTURAL DE PATRIMÔNIOS GEOLÓGICOS
AUTOR(ES): TEIXEIRA, W.; CORDANI, U.
CO-AUTOR(ES): LINSKER, R.
INSTITUIÇÃO: INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS USP
W. Teixeira1, U. G. Cordani1,
R. Linsker2
1 Universidade de São Paulo, Brasil
2 Terra Virgem Editora, São Paulo, Brasil
A série Tempos do Brasil é uma coleção de seis
livros que apresenta uma visão harmônica e integrada dos processos geológicos e
biológicos que construíram os ecossistemas das paisagens mais fascinantes do
nosso país. Trata-se de produtos muito qualificados, ricamente ilustrados e que
retratam os mais importantes patrimônios naturais do Brasil com linguagem
acessível ao grande público, mas obedecendo ao rigor científico. Cada livro
descreve os patrimônios naturais em três tempos distintos, em uma abordagem inovadora
que permite preencher importante lacuna na divulgação e, ao mesmo tempo,
conhecer as principais nuances dos ambientes geológicos selecionados.
O projeto editorial tem como eixo central de
desenvolvimento o Tempo – passado e presente. Ao divulgar o conceito “conhecer”
para “preservar”, enfatiza o papel do ser humano como agente ambiental na
história de cada patrimônio natural, sob a óptica da valorização da preservação
do meio físico e do uso sustentável dos recursos naturais. Em termos
editoriais, os livros estruturam-se em capítulos abordando o “Tempo Geológico”,
o “Tempo Biológico” e o “Tempo Humano”.
Cada obra é resultado do trabalho de
pesquisadores de diversas áreas acadêmicas, criando um panorama com os mais
atualizados conhecimentos científicos. Além disso, para cada região
selecionada, jornalistas especializados na divulgação científica participam da
elaboração da linguagem final dos capítulos.
O projeto tem, desde o seu início, a
participação da Terra Virgem Editora, empresa especializada em publicações
ilustradas de alto nível de qualidade, e que possui ampla inserção nas
principais livrarias do país. Para a sua realização, patrocínios de empresas
privadas e instituições públicas têm sido obtidos, por meio de estratégias de
mercado.
Os livros têm formato inovador (16 x 16 cm),
com 160 páginas ricamente ilustradas (fotos e infográficos) em cores, o que
permite uma praticidade inclusive de leitura em ambientes ao ar livre, criando
assim uma interação com a natureza que está sendo apresentada. Desta forma,
Tempos do Brasil quer aproximar o leitor da paisagem. Transformá-la, de mero
objeto contemplativo, em espaço de interação e entendimento.
TÍTULO: A SERRA DA PIEDADE E SUA IMPORTÂNCIA
COMO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO, HISTÓRICO E TURÍSTICO DE MINAS GERAIS
AUTOR(ES): RUCHKYS, Ú. A. 1.
CO-AUTOR(ES): RENGER, F. E. 2.;
NOCE, C. M 2.; GOMES, B. P. M. 1.; MACHADO, M. M. M.
3
INSTITUIÇÃO: 1. PUC-Minas,.2.CPMTC-UFMG,
3. UFMG
O patrimônio geológico pode ser definido como
recurso documental de caráter científico, de conteúdo importante para o
conhecimento e estudo da evolução dos processos geológicos e constitui o
registro da totalidade da evolução do nosso planeta. Nos últimos anos este
conceito tem sido amplamente discutido em vários países, especialmente na
Europa, e a proteção do patrimônio geológico vem se tornando um desafio da
comunidade geocientífica. A Serra da Piedade, localizada no município de Caeté,
a aproximadamente 50 km a NE de Belo Horizonte, tem seu ponto culminante cotado
em 1746 m, sendo facilmente distinguível na paisagem. Situa-se na porção
nordeste do Quadrilátero Ferrífero, que se destaca como um importante produtor
de bens minerais desde o período colonial. A serra é privilegiada do ponto de
vista geológico com afloramentos de rochas do Supergrupo Minas, Grupo Itabira,
da Formação Cauê (constituída na serra por itabiritos). Além de sua importância
geológica, a Serra da Piedade está numa região onde teve início o povoamento de
Minas Gerais, sendo lendária na história de Minas e do Brasil. Uma das lendas
mais conhecidas é a do Sabarabuçu (antigo nome da Serra da Piedade). O nome
primitivo era Itaberabussu, que significa montanha resplandecente e alta. Os
portugueses acreditavam que a serra era depositária de pedras e metais de
preciosos, crença que foi uma das motivações da expedição exploratória de
Fernão Dias. A bandeira de Fernão Dias partiu de São Paulo em julho de 1674
buscando prata e esmeraldas, e era composta por mais de trinta paulistas e
muitos índios, além do seu imediato, Matias Cardoso de Almeida, o genro Manuel
de Borba Gato e o filho Garcia Rodrigues Paes. Nula quanto às riquezas que
procurava, a expedição foi importante pela descoberta de ouro no Rio das Velhas
por Borba Gato e ajudou a preparar a grande fase das explorações auríferas e o
povoamento das Minas que culminou com a fundação das primeiras vilas em 1711
(Mariana, Vila Rica, Sabará, Caeté). No início do século XIX vários
naturalistas europeus visitaram a Serra da Piedade, destacando-se os nomes de
Eschwege, Saint-Hilaire, Burton entre outros. Desde 1760 a Serra é um
referencial religioso para muitas pessoas que fazem peregrinações para lá todos
os anos, constituindo-se assim num importante patrimônio, não somente do ponto
de vista geológico, mas também religioso
e histórico. Esta importância fez com que a Serra fosse tombada pelo
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA)
em maio de 2004. Assim como a Serra da Piedade, vários patrimônios geológicos
do Estado de Minas Gerais têm seu valor também associado aos aspectos
históricos. Em uma época onde o reconhecimento deste tipo de patrimônio
torna-se cada vez mais significativo, temos a responsabilidade de criar e
desenvolver uma base científica para a proteção e divulgação de seu significado
geo-científico e histórico.
BASES PARA UMA ESTRATÉGIA DE GEOCONSERVAÇÃO
AUTOR(ES): José Brilha (Departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho, Braga, Portugal; e-mail: jbrilha@dct.uminho.pt)
Em 1991 realizou-se, em França, o 1º Simpósio Internacional sobre a Protecção do Património Geológico. Apesar de durante as décadas anteriores terem já sido desenvolvidos trabalhos em alguns países, com particular destaque para o Reino Unido e alguns países do leste europeu, do ponto de vista científico este evento simboliza o início de um novo interesse no âmbito das geociências. A década de noventa ficou assim marcada pelo despontar de uma consciência para a necessidade de protecção do que se convencionou chamar de património geológico – a geoconservação. A geoconservação justifica-se, essencialmente, pelo facto do património geológico possuir um conjunto diversificado de valores que se encontram ameaçados por factores naturais e antrópicos.
Constituído pelos elementos notáveis da geodiversidade, o património geológico é um recurso natural, não renovável, cujo conhecimento sistemático é ainda escasso na maior parte dos países, com graves consequências para a sua conservação e gestão. A identificação do património geológico deve obedecer, antes de mais, a critérios científicos. Neste sentido, tem de ser a comunidade geológica de cada país a definir, por consenso, os temas ou categorias mais relevantes da geodiversidade nacional. A experiência do Reino Unido e da ProGEO (a Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico), mais tarde seguida pela IUGS, mostra que é possível desenvolver uma inventariação do património geológico ao nível de cada país, essencialmente fundamentada nos aspectos científicos. A conservação de geossítios de interesse científico é essencial para garantir o desenvolvimento das geociências, baseado no livre acesso aos materiais geológicos em condições, o mais possível, naturais.
O património geológico tem outros tipos de interesses, para além do científico, que não podem ser negligenciados. O interesse pedagógico é crucial para a sensibilização e formação de alunos e professores de todos os níveis de ensino. O interesse turístico, importante na promoção da geologia junto do público não especialista, pode contribuir para o desenvolvimento sustentado das populações locais. A experiência dos Geoparques em diversos países, com o reconhecimento da UNESCO, tem demonstrado que o património geológico pode ser o motor para o bem estar social e para a promoção da geologia.
Sendo o património geológico um recurso natural, é essencial a sua integração nas políticas de ordenamento do território e de conservação da natureza. Durante o século XX, a conservação da natureza privilegiou as estratégias com vista à manutenção da biodiversidade. Sem pretender diminuir a importância da biodiversidade, deve no entanto ser empreendido um esforço suplementar para que a conservação da natureza considere, definitivamente, o património natural como um todo, integrando os elementos excepcionais da geodiversidade e da biodiversidade.
TÍTULO: DIFUSÃO DE CONHECIMENTOS GEOLÓGICOS DA
BACIA DO RIO CORUMBATAÍ-SP ATRAVÉS DE FERRAMENTAS DE WEB MAPPING COMO SUBSÍDIO
PARA O GEOTURISMO E O TURISMO CIENTÍFICO
AUTOR(ES): AMORIM, G. M. 1; EBERT, H. D.
2
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
1 - Programa de Pós-Graduação em Geologia
Regional, Instituto de Geociências e
Ciências Exatas (IGCE) - UNESP, Caixa Postal 178, Rio Claro-SP, gmamorim@yahoo.com
2 – Laboratório de GeoModelagem 3D,
Departamento de Petrologia e Metalogenia (DPM) - Instituto de Geociências e
Ciências Exatas (IGCE) - UNESP. Caixa Postal 178, Rio Claro-SP, hdebert@rc.unesp.br
A Bacia Hidrográfica do Rio
Corumbataí, no setor centro oriental do Estado de São Paulo, está contida na Depressão Periférica Paulista,
cujo relevo de “cuestas basálticas” contribui para a existência de belezas
cênicas. A região possui importantes registros que
documentam processos deposicionais, magmáticos, tectônicos e geomorfológicos de
três eras geológicas (Paleozóico, Mesozóico e Cenozóico). Na área ocorre um
alto estrutural (Domo de Pitanga), que promoveu um soerguimento diferencial da
seqüência deposicional e a conseqüente exposição de diversas unidades
estratigráficas da Bacia Sedimentar do Paraná, representadas por vários tipos
de rochas sedimentares e vulcânicas, e registros fósseis. Esta
diversidade geológica condiciona parcialmente o relevo e contribui para a
formação de atrativos geoturísticos, os quais são visíveis
em diversas cachoeiras, cavernas e afloramentos.
O avanço do conhecimento geocientífico sobre a
região, obtido principalmente nas universidades e divulgado através de livros, artigos em periódicos, dissertações e
teses, cursos, palestras e eventos científicos, pouco alcança o público
em geral devido ao grau de especialização dos termos utilizados. Aproveitando
sua diversidade geológica e geomorfológica apresenta-se o resultado de um
projeto que visou gerar subsídios afim de permitir a utilização do geoturismo
como um meio de difusão de conhecimentos geocientíficos para aumentar o
interesse da população em suas riquezas naturais e contribuir na ampliação do potencial turístico da Bacia Hidrográfica do Rio
Corumbataí.
A partir da visitação de diversas áreas, foram
selecionados 16 locais de interesse geoturístico, representativos da geologia
da área e adequados para a implementação de melhorias que permitam a visitação
local. Para cada local foi elaborado um texto explicativo acompanhado por fotos
e ilustrações, empregando uma linguagem adaptada. A representação dos locais
sobre mapas temáticos (geológico, geomorfológico,
altimétrico, hidrográfico, cidades, jazidas minerais, estradas, cobertura
vegetal, divisão municipal, micro-bacias) com suas respectivas
descrições, podem ser facilmente visualizadas e consultadas em um Sistema de
Informações Geográficas (SIG) baseado nas ferramentas Mapserver e MapLab acessível
pela internet (http://jasper.rc.unesp.br/corumbatai.html).
A riqueza de informações, ilustradas e
explicadas de forma didática, visualizadas com mapas de localização,
fisiográficos e geológicos, e a facilidade de consulta através de Web-Mapping
constituem um importante instrumento para a difusão de informações
geoturísticas , permitindo alcançar uma parcela maior da população e despertar
seu interesse no entendimento do meio geológico.
TÍTULO: DIVULGAÇÃO GEOCIENTÍFICA ATRAVÉS DO
PROJETO CAMINHOS GEOLÓGICOS: O CASO DO PAINEL EXPLICATIVO SOBRE O PÃO DE AÇÚCAR
AUTOR(ES): VALERIANO, C. M.
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO, FACULDADE DE GEOLOGIA
O projeto "Caminhos Geológicos", vem
sendo executado com sucesso pelo Departamento de Recursos Minerais do Estado do
Rio de Janeiro. O projeto visa a difusão do conhecimento geológico ao grande
público, através da instalação de painéis auto-explicativos sobre "Pontos
de Interesse Geológico". Os painéis são assinalados por placas do
Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro, instaladas em
rodovias e outros pontos de tráfego. Este trabalho descreve a filosofia
empregada na elaboração do painel "A Odisséia do Pão de Açúcar", que
foi inaugurado em Janeiro de 2006, no Morro da Urca. Objetivando captar a
curiosidade e o interesse dos visitantes, ao mesmo tempo levar ao visitante
conhecimentos geológicos básicos, que o dêem condições de melhor compreender e
valorizar a formação geológica em questão, algumas estratégias de elaboração
foram empregadas na elaboração do painel: a) o uso de linguagem ao mesmo tempo
correta e simples, acessível ao grande público; b) a busca de um equilíbrio
entre o volume de texto e de ilustrações; c) o uso de fotos e mapas coloridos
de fácil visualização, especialmente de modelos tridimensionais; d) a tradução
para o inglês de todo o conteúdo, impresso no verso da face escrita em
português.
TÍTULO: ECOTURISMO GEOLÓGICO COM BASE
GARIMPEIRA: AS TRILHAS DE IGATÚ-CHAPADA DIAMANTINA-BA
AUTOR(ES): NOLASCO, M. C. 2;
CARVALHO, H. D. S. 1
INSTITUIÇÃO: 1-MESTRANDO,PROGRAMA DE
PÓS GRADUAÇÃO EM MODELAGEM EM CIÊNCIAS DA TERRA E DO AMBIENTE-PPGM/2-PROFESSORA
TITULAR - PPGM - DEXA/ ÁREA DE GEOCIÊNCIAS/ UEFS.
Hermilino Danilo Santana de Carvalho
(hdscarvalho@yahoo.com.br) 1.
Marjorie Cseko Nolasco (mcn@uefs.br) 2.
1-Mestrando, Programa de Pós Graduação em
Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente-PPGM
2-Professora Titular - PPGM - DEXA/ Área de
Geociências/ UEFS.
O distrito de Igatu, fundado como vila de apoio
para os garimpos localizados entre Mucugê e Andaraí no Séc. XIX, hoje fica nos
limites a leste do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD) e tem o turismo
como principal atividade da região, que em sua grande parte não deixa
benefícios econômicos para a sua população local, a semelhança da atividade
econômica anterior: o garimpo de diamantes. Unindo o conhecimento científico e
comunitário prévio da região e a necessidade de promover uma sustentabilidade
com e para a comunidade local, que rompa com a tendência de marginalização
atual, este trabalho está levantando, descrevendo, buscando o melhor manejo e
preparando as trilhas garimpeiras para o uso ecoturístico, através da modelagem
das trilhas existentes, e desta forma contribuindo com o plano de manejo do
PNCD e a geração de emprego e renda para a comunidade de Igatu. A região
apresenta-se sobre afloramentos da Fm. Tombador, rochas areníticas e
meta-areníticas com línguas de conglomerado, apresentando estruturas erosivas
exóticas e um conjunto de blocos soltos de formas peculiares, configurando uma
paisagem de relevo ruiniforme e extremamente fraturada pelos dobramentos das
coberturas do Cráton São Francisco. Estas fraturas constroem com os rios um relevo
de cânions e cachoeiras de imensa beleza cênica. Nos conjuntos de fraturas
menores, que foram preenchidos por sedimentos ao longo do tempo geológico, se
instalaram, predominantemente entre 1842 e 1950 garimpos de carbonato e
diamante, e um núcleo urbano de apoio para cerca de 30 mil pessoas. Esta
ocupação mineira-garimpeira de 1950 para os dias atuais deixou diversas marcas
na paisagem onde se destacam uma grande quantidade de ruínas de casas e
estruturas construtivas garimpeiras como barragens, caminhos, canais de adução,
pontes, tudo feito em rocha, profundamente mesclada à paisagem. Até o momento
as trilhas descritas, são de fácil acesso com pequeno a pequeno-médio grau de
dificuldade, longos trechos de baixa declividade, relativamente curtas, com no
máximo 12 km (ida e volta), portanto com tempo mais que suficiente para
realizá-las e retornar a Igatu, algumas em superfície outras subterrâneas.
Apresentam um grande valor geológico e histórico, com forte conteúdo ambiental,
patrimonial, arqueológico, de cultura, identidade e memória para a comunidade
tradicional garimpeira da Chapada e a história da mineração. Além de trilhas
propriamente ditas o ecoturismo pode se utilizar das histórias mineiras e dos
destinos das mesmas, que variam entre grunas e paredões seja para um mirante,
seja para uma cachoeira que se transformam junto com os blocos que ocorrem ao
longo de todos os caminhos em frentes de escalada e outros esportes radicais.
Este trabalho é suportado pela Fundação de
Amparo a Pesquisa da Bahia - FAPESB ET0035/2004, fazendo parte dos Grupos de
Pesquisa História Ambiental e Tecnogênese e Geociências e Recursos Naturais da
UEFS/CNPq.
TÍTULO: ESTILOS ESTRUTURAIS
E MAPEAMENTOS TEMÁTICOS GEO-AMBIENTAIS DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DOS
PIRINEUS, GO
AUTOR(ES): José Oswaldo de
Araújo Filho; João Gualberto Mota Araújo; Danilo Melo; Eduardo de Oliveira;
Jânio dos Santos; Mariana Ferreira; Marcello Matos; Munir Kossah; Victor Hugo
Vasco; Vinicius
Instituto de Geociências,
Universidade de Brasília, Campus Darcy Ribeiro, Asa Norte, 70910-900, Brasília,
DF
O Parque Estadual da Serra dos Pirineus (PESP)
é uma área de ~40km2 protegida por lei estadual do Estado de Goiás,
desde 1986. É um parque eminentemente geológico-geomorfológico, apesar de haver
ocorrência de espécies endêmicas e encerrar uma série de nascentes nas encostas
N e S do pedimento do Picos dos Pirineus, um divisor das águas que fluem para a
Bacia Amazônica e para a Bacia do Rio do Prata.
A para-estratigrafia da rochas do PESP tem como
embasamento a seqüência vulcano-sedimentar do Grupo Rio do Peixe, composta por
anfibolito e anfibólio gnaisse, de provável idade mesoproterozóica, sotoposta à
rochas do Grupo Araxá, meso/neoproterozóico, meta-sedimentar, composta, da base
para o topo, por conglomerado oligomíctico restrito, moscovita quartzito
milonítico, localmente cianítico, com intercalações métricas de quartzo xisto,
e granada-moscovita xisto, com lentes de calci-xisto no topo. Diques de
diabásio jura-cretáceos, cortam todos os litotipos. A deformação local reflete
a complexa deformação regional. Três fases de deformação registram, a primeira
(D1), um transporte tectônico de W para E, com rampas restritas, que
servem como locais de propagação de estruturas cujos transporte tectônico é de
NNW para SSE (D2), formando a estrutura invertida do anticlinal
sinfórmico dos Picos dos Pirineus. Uma fase coaxial (D3 com D2)
gera padrões de interferência tipo 3 e tectonitos-L.
O PESP contém preciosidades geológicas, tais como o
moscovita quartzito milonítico (a Pedra de Pirenópolis), com juntas
sub-verticais mesoscópicas espaçadas ~2,5m, gerando um relevo ruiniforme, que
constitui atração turística; uma linha de nascentes controlada pelo contacto do
quartzito milonítico fraturado com granada moscovita xisto de baixa
permeabilidade; dobras isoclinais sub-recumbente, contrastando com dobras
mesoscópicas normais horizontais, nítidas estruturas em barra e notáveis
tectonitos-S e L, representados, respectivamente, por uma forte foliação
milonítica, com intensa segregação de quartzo e estruturas em lápis e
tectnitos-L estirados lembrando seixos oligomícticos e/ ou estruturas em lápis
budinadas. As estruturas modelam o relevo, separando uma das atrações maiores
do parque, os três picos da Serra dos Pirineus, por falhas neotectônicas. Um
dos picos é o segundo mais elevado do estado. O modelado da paisagem forma um
pedimento suave, onde existe indícios de débil paleo-etchplanização nos vales. A paisagem, controlada pela
estrutura, constitui atração geo-turísticas por sua clareza de elementos.
Mapas temáticos compreendendo
mapa-geológico-estrutural, mapa geomorfológico, mapa dos principais grandes
grupos de solos, mapa de cobertura vegetal, de inclinação de encosta, de
drenagem e recursos hídricos estão na escala inédita de 1:25,000. Uma janela de
~4km2, na escala 1:10,000 em volta da região dos Picos detalha as
estruturas mesoscópicas e a rede de trilhas para geoturismo. Monitoramento
e manejo para conservação das
estruturas é apresentado às agências estaduais relacionadas ao estudo e manejo
do meio ambiente de Goiás.
TÍTULO: ESTROMATÓLITOS EM PISOS DE SHOPPING
CENTERS DA CIDADE DE SÃO PAULO (SP): DIVULGAÇÃO E UTILIZAÇÃO PARA FINS DIDÁTICOS
AUTOR(ES): FAIRCHILD, T. R.; SALLUN FILHO, W.;
CAMPOS NETO, M. C.
INSTITUIÇÃO: INSTITUTO GEOLÓGICO - SMA
Thomas Rich Fairchild1, William Sallun Filho2
& Mario da Costa Campos Neto1
1Instituto de Geociências – USP, Rua do Lago
562, São Paulo, SP, 05508-080, Brasil.
2Instituto Geológico – SMA, Avenida Miguel
Stéfano, 3900, São Paulo, SP, 04301-903, Brasil, wsallun@igsma.sp.gov.br.
Estromatólitos são depósitos bentônicos
laminados que resultam de uma mescla de processos sedimentares e metabólicos relacionados
a comunidades microbianas dominadas pelas cianobactérias. Estromatólitos
fósseis ocorrem desde o Éon Arqueano, há pelo menos 3,5 bilhões de anos atrás.
Representam, portanto, a mais antiga evidência direta não apenas da interação
entre microrganismos e o meio em que viviam mas também de organismos
procarióticos e de fotossíntese. Sua expansão e diversificação durante o Éon
Proterozóico (2,5 bilhões a 542 milhões de anos) influenciou diretamente a
oxidação da superfície, dos oceanos e da atmosfera do planeta e, ao mesmo
tempo, propiciou a irradiação dos eucariotos, que, ao final deste éon, levariam
ao declínio dos estromatólitos. No Brasil são conhecidos de diversas unidades
proterozóicas nas coberturas e faixas dobradas associadas aos crátons do São
Francisco e Amazônico, bem como na faixa Ribeira. Mas são poucas as pessoas que
tenham algum conhecimento destas estruturas ou de sua importância para a
história evolutiva da biosfera e do planeta. E ainda menos gente percebe que
uma das rochas ornamentais mais utilizadas em pisos de shopping centers nas
várias metrópoles do Sudeste, é na verdade um mármore estromatolítico de mais
de dois bilhões de anos de idade, ou seja, os fósseis mais antigos do Brasil e,
aparentemente, da América do Sul, também. O mármore provém da Formação Fecho do
Funil, do Supergrupo Minas, no Quadrilátero Ferrífero, onde é extraído de uma
única pedreira próximo de Cachoeira do Campo, MG. Embora conhecidos na
literatura geológica especializada desde 1975, estes estromatólitos só começaram
a revelar seus segredos ao grande público quando da publicação, em dezembro de
2006, de um artigo sobre ocorrências destes fósseis curiosos em pisos de dois
shopping centers de São Paulo numa revista de divulgação científica com
circulação nacional. Outras duas ocorrências, com fósseis da mesma localidade,
são conhecidas em outros shoppings da cidade. Em um quinto shopping apresenta
piso com outros estromatólitos, melhor expostos e mais diversos do que na
própria ocorrência natural, no Grupo Itaiacoca (Proterozóico), próximo de
Itapeva, SP. A divulgação do trabalho teve grande repercussão na mídia, sendo
veiculadas, posteriormente, diversas matérias em jornais, revistas, televisão e
rádio. Estes e outros fósseis expostos, belamente, em “afloramentos
artificiais” dentro de prédios públicos merecem ser explorados, didático e
pedagogicamente, para o enriquecimento cultural dos cidadãos que por lá
circulam.
TÍTULO: GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO
COMO APOIO À DEFESA DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO PARQUE ESTADUAL DE JACUPIRANGA –
SP
AUTOR(ES): MIRANDA, Y. B. W.; MACEDO, A. B.
CO-AUTOR(ES): KARMANN, I.
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
O Parque Estadual de Jacupiranga (PEJ), situado
ao sul do Estado de São Paulo representa um grande atrativo turístico por
possuir valioso patrimônio geológico, com seis grutas catalogadas e,
possivelmente, mais de uma dezena de outras com potencial turístico; relevo
cárstico bem definido; e extensa área de conservação da fauna e flora
remanescente da Mata Atlântica. Porém, sofre com os problemas de ocupação
humana e exploração de recursos naturais desde sua criação em 1969. Assim, sua
preservação para o estudo e apreciação às gerações vindouras torna-se
imprescindível. Este projeto utiliza um Sistema de Informações Geográficas
(SIG), como ferramenta para auxiliar a administração do parque e
conseqüentemente a preservação do patrimônio geológico. O Sistema contém
informações dos limites do parque, rodovias de acesso, hidrografia, áreas de
ocupação humana, geologia, hipsometria, localização de geotopos e as trilhas
utilizadas pelo turismo no parque. O geotopo principal do projeto será o
sistema cárstico da Serra de André Lopes por possuir feições cársticas
singulares, assim, estão sendo realizados trabalhos de campo para a
caracterização deste sistema, pois para sua conservação efetiva deve-se
conhecer o funcionamento deste sistema. Para auxiliar a geração de medidas de
conservação para este patrimônio será utilizado um SIG, que, por permitir
análises entre os vários planos de informação, será uma ferramenta essencial na
elaboração destas medidas de proteção. Outro ponto principal deste projeto é a
ampla distribuição dos resultados obtidos, assim como do SIG gerado, para que
sirva de base para futuros estudos e para a utilização no ensino da
geoconservação por parte de escolas e universidades. Para que sua distribuição
seja simples e barata serão utilizados softwares livres para a confecção do
SIG. Este projeto conta com o apoio da FAPESP.
TÍTULO: GEOTURISMO E GEOCONSERVAÇÃO NA ROTA DOS
TROPEIROS NO PARANÁ
AUTOR(ES): LICCARDO, A.; PIEKARZ, G. F.
INSTITUIÇÃO: MINEROPAR
Antonio Liccardo – Minerais
do Paraná S.A. liccardo@ambienteimagem.com.br
Gil Francisco Piekarz –
Minerais do Paraná S.A. gil@onda.com.br
A Rota dos Tropeiros é um
dos mais antigos caminhos do Brasil, ligando o sul do país, produtor de gado,
aos centros econômicos no sudeste. Essa rota, conhecida desde o século XVIII,
interliga 16 municípios no estado do Paraná que apresentam potencial para turismo
em função da arquitetura, cultura histórica e, principalmente, pelo patrimônio
natural. Geologicamente o trajeto se estende sobre a borda oriental da Bacia
Sedimentar do Paraná, envolvendo sedimentos marinhos e glaciais do Paleozóico,
rochas vulcânicas do Cambriano e Mesozóico e rochas metamórficas
pré-cambrianas. O Arco de Ponta Grossa, feição geotectônica sem paralelo no
Brasil, apresenta inúmeros reflexos no meio físico superficial. Feições
geomorfológicas são o principal atrativo da região, com predominância de
canyons, escarpas, relevos de exceção em arenitos e muitas quedas d´água.
Antigas minerações de ouro e ferro e presença de estâncias e fontes de águas
minerais acrescentam conteúdo histórico e científico ao patrimônio natural. A
apresentação dos mega-processos geológicos, como a separação dos continentes,
glaciações e vulcanismo é a principal ferramenta de integração das múltiplas
informações coletadas nesta região.
Levantamentos, realizados em
300 km da rota dentro do Paraná, apontaram uma grande diversidade geológica e a
existência de sítios geológicos de interesse turístico entre os parques
naturais já implantados. Mais de 250 pontos de interesse geoturístico ou
geodidático foram cadastrados e classificados conforme seu grau de relevância.
A interpretação dos processos geológicos e dos paleoambientes aplicada propõe
uma continuidade turística ao longo do eixo e interconecta conceitualmente
parques geológicos ou geomorfológicos como Vila Velha, Guartelá, Cerrado e
Gruta do Monge, existentes na Rota dos Tropeiros, com reservas particulares e
áreas de proteção ambiental. O cadastramento, estudo e divulgação de pontos
intermediários aos parques já existentes resultam numa nova abordagem para o
geoturismo nesta região, baseado na continuidade do caminhamento e no aumento
do volume de informações divulgado. Os resultados deste levantamento apontam
para questões ligadas à conservação do patrimônio geológico (geoconservação) e
a necessidade da criação de parâmetros e estratégias aplicáveis a este conjunto.
A existência de um roteiro
histórico e turístico já em curso é fator fundamental na implantação do roteiro
geoturístico e sugere um novo direcionamento conceitual para uso em turismo, na
manutenção do patrimônio geológico e divulgação da informação geocientífica. A
publicação de guias de turismo científico, a implantação de painéis e a
distribuição de folhetos explicativos é, possivelmente, o maior fator de
integração conceitual desta rota e, juntamente com os fatores históricos, devem
contribuir expressivamente para o incremento do turismo cultural.
TÍTULO: INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO SOBRE O
CARSTE DE LAGOA SANTA: UM EXEMPLO DE INTERPRETAÇÃO DO PATRIMÔNIO
GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO.
AUTOR(ES): GOMES, B. P. M.; RUCHKYS, U. A.
INSTITUIÇÃO: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
DE MINAS GERAIS
Em Minas Gerais o carste de Lagoa Santa,
situado a aproximadamente 30 km de Belo Horizonte, é internacionalmente
reconhecido pelas pesquisas do naturalista dinamarquês Peter Lund, que
produziram grandes impactos na paleontologia do século XIX. Esta região abriga
o maior número de cavernas por área no Brasil e é campo fértil para o reconhecimento
de vários aspectos científicos da geologia que podem ser utilizados com fins
turísticos e conservacionistas. O carste de Lagoa Santa desenvolve-se nas duas
formações da base estratigráfica do Grupo Bambuí de 750Ma. As características
cársticas proporcionam um turismo voltado aos aspectos do relevo: grutas,
dolinas, uvalas. Associado a esta paisagem de extraordinária beleza cênica
ainda podem existir remanescentes de uma ocupação histórica, pré-histórica e
mesmo da mega fauna extinta. Numa época em que a sociedade mobiliza-se para as
questões ambientais, inclusive para a educação ambiental, o desenvolvimento de
um olhar geológico é uma característica que se pode e deve educar. A observação
de aspectos geológicos é tanto mais interessante e proveitosa se a atividade de
observação for (a) pedagogicamente direcionada e (b) forem utilizados locais de
particular clareza geológica. A partir do momento em que estes requisitos são
obedecidos, consegue-se alcançar um dos objetivos do geoturismo, o de possibilitar
ao turista a compreensão do que está sendo observado; e, por meio da
interpretação, aproximar o público leigo da linguagem geológica, fazendo-o
compreender aquilo que está sendo observado. A interpretação - uma eficiente
forma de oferecer informação com qualidade - ao “traduzir” a linguagem da
natureza e da cultura para a linguagem comum das pessoas, faz com que entendam
informações de áreas específicas do conhecimento, sensibilizando-as sobre a
importância do patrimônio e despertando o desejo de contribuir para sua
conservação. A definição de percursos geoturísticos interpretativos é uma forma
de organizar e integrar as potencialidades educativas do Carste de Lagoa Santa,
mostrando os principais pontos a serem percorridos pelos turistas. A proposta
de interpretação do patrimônio geológico-geomorfológico na forma de percursos
geoturísticos para o Carste de Lagoa Santa visa contemplar os diferentes
aspectos que testemunham as transformações de uma região cárstica. Os temas
abordados integram-se em três percursos considerando, em linguagem
interpretativa, os seguintes aspectos: sítio geológico-geomorfológico de Belo
Horizonte; contexto geológico do Carste de Lagoa Santa; desenvolvimento do
modelado cárstico; fases de evolução do carste; Rio das Velhas e sua influência
na elaboração do carste de Lagoa Santa; gruta da Lapinha; formação das
cavernas; a vida nas cavernas; formas iniciais do carste – lapiás; a planície
cárstica – poljé; maciço do Baú; formas residuais do relevo cárstico; formação
de uvalas; Cerca Grande. Considerando que as atuais discussões sobre proteção
do patrimônio no mundo partem do pressuposto de que sem educação e
sensibilização do público não é possível a conservação, o desenvolvimento de
propostas de interpretação do patrimônio geológico torna possível sua
apreciação e compreensão em todos os níveis.
TÍTULO: MAPEAMENTO DO DISTRITO
GEO-ESPELEOLÓGICO DA SERRA DO MARTINS (RN) COM USO DE TÉCNICAS DE
GEOPROCESSAMENTO E SIG
AUTOR(ES): PETTA, R. A.; VIRGENS, J.
INSTITUIÇÃO: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
GEOCIÊNCIAS UFRN
No Rio Grande do Norte, Existem ao todo pouco
mais de 60 ocorrências de cavernas cadastradas que se situam principalmente na
Bacia Potiguar (região norte do estado) e nos terrenos cristalinos. Porém
sabe-se que um número muito maior existe. Como forma de atualização ao
conhecimento espeleológico, haja visto que novas cavernas foram descobertas na
região oeste do RN, o presente trabalho teve por objetivo o mapeamento
geo-espeleológico realizado em escala de 1:10.000, em uma área de
aproximadamente 100 km2, situada no Município de Martins (SW do RN),
onde a ênfase foi dada às ocorrências de cavernas e sua relação com a geologia
e a geomorfologia local. O estudo contou com a aplicação de técnicas de
sensoriamento remoto e mapeamento geológico e espeleotopográfico em regiões de
rochas carbonáticas correlacionadas a Formação Jucurutú (Grupo Seridó) e em
rochas graníticas, de modo a caracterizar os padrões de controle e principais
feições encontradas no interior das cavernas e no seu entorno, e o ordenamento
destes dados em um Sistema de Informações Geográficas. Objetivando-se determinar
os aspectos estruturais influentes na formação das grutas, foram coletadas
medidas de fraturamento tanto no interior das cavernas como no seu entorno,
comparando-as com os lineamentos coletados por sensoriamento remoto.
Para extrair o máximo de informação dos
diferentes dados remotos, foi aplicada a técnica de IHS (hue invariant transformation) e a imagem fundida resultante foi
usada, depois de tratamentos, para visualizar, extrair e digitalizar os
lineamentos geológicos. Baseado em índices de densidade de lineamentos foram
definidas as zonas de fratura favoráveis para desenvolvimento de cavernas. Os
resultados de extração dos lineamentos, após realce direcional e não-direcional
da imagem fundida geraram linhas relativamente contínuas, e que correspondiam
bem às falhas traçadas do mapa geológico. Foram reconhecidos dois tipos
principais de padrões de fraturas conjugadas para a área, o que supôs que ambos
os tipos de fraturas (E-W e NW-SE) geraram falhas (fraturas cisalhadas) e
fraturas extensionais que afetaram as rochas do Pré-cambriano até o Triássico
Mediano.
O modelo digital do terreno (MDT) da área,
elaborado conforme dados da carta topográfica (SUDENE), folha Catolé do Rocha
foi concebido de modo a obter uma melhor visualização do terreno e conseqüentemente
um melhor entendimento da geomorfologia da área. Os modelos de superfície foram
gerados pelo processo de Rede Regular de Triângulos (TIN) e entre os dados
derivados do MDT, foram compostos mapas de declividade e de aspecto. O mapa de
declividade (inclinação do terreno), é importante para determinar áreas de
implantação de trilhas ou de risco de deslizamento. O mapa de aspecto indica o
sentido de máxima declividade do terreno, e auxiliam na compreensão do
comportamento do relevo de forma visual. Foi gerado uma superposição entre as
imagens do LANDSAT 7 ETM+ à grade regular para o melhor entendimento da
geomorfologia da área e a comparação entre os aspectos visuais reais e os
produzidos digitalmente.
TÍTULO: O PICO DO CABUGI: RAIZ DE UM VULCÃO
EXTINTO NO SERTÃO DO RIO GRANDE DO NORTE
AUTOR(ES): NASCIMENTO, M. A. L.; SOUZA, Z. S.
CO-AUTOR(ES): PAIVA, H. S.; SILVEIRA, F. V.;
VASCONCELOS, P. M. P.
INSTITUIÇÃO: TERRA & MAR SOLUÇÕES
Zorano Sérgio de Souza – DG e PPGG/UFRN,
zorano@geologia.ufrn.br
Marcos Antonio L. do Nascimento - Terra &
Mar Soluções, marcos@terraemarsolucoes.com.br;
Hênio Santana de Paiva – Curso de Geologia/UFRN, heniosant@hotmail.com;
Francisco Valdir Silveira – PPGG/UFRN e CPRM,
silveira@geologia.ufrn.br;
Paulo Marcos de P. Vasconcelos – Universidade
de Queensland/Austrália - paulo@earth.uq.edu.au
O Rio Grande do Norte possui diversas
ocorrências de corpos vulcânicos tendo destaque os picos do Cabugi e
Cabugizinho, Serra Aguda, o Cabeço de João Félix e as Serras Pretas de Cerro
Corá, Bodó e São Tomé. Porém, o Pico do Cabugi é o primeiro que vem a nossa
mente. Ele ocorre nas margens da BR-304, cerca de 8 km a oeste de Lajes, no
sertão potiguar, com 590 m de altitude. Na língua Tupi, Cabugi significa “Peito
de Moça” devido sua morfologia típica em cone com vértice para cima.
O Pico do Cabugi compõe a unidade de
conservação “Parque Estadual Pico do Cabugi”, representando um importante monumento
natural, sendo o maior e o mais complexo representante de uma série de eventos
vulcânicos que ocorreram no RN há 25 milhões de anos, durante o período
geológico chamado Paleógeno.
A evolução geológica do Pico do Cabugi se deu
em dois estágios: (i) Inicialmente, o magma formado a profundidades entre 50-60
km no interior da Terra migra em direção à superfície, preenchendo fendas e
condutos abertos na crosta, armazenando-se em reservatórios chamados câmaras
magmáticas. O magma que atinge a superfície é chamado lava e origina as rochas
vulcânicas típicas. Na superfície, a lava resfria rapidamente e forma rochas de
grãos muito finos, pois não há tempo para cristalização de minerais. Na etapa
final de resfriamento do magma, a contração térmica forma estruturas colunares,
preservadas nas encostas do Pico. As rochas que formam o Cabugi são denominadas
basaltos, constituindo-se de cristais dos minerais olivina, piroxênio e
feldspato, imersos numa espécie de matriz muito fina; (ii) No segundo estágio
ocorrem modificações do relevo da área adjacente ao edifício vulcânico. Este
processo envolve o soerguimento de terrenos rochosos circundantes, geralmente
relacionados com fatores tectônicos, e sucessivos processos erosivos causando
fragmentação e desagregação física e química de rochas e minerais, culminando
com formação de solo.
O Pico do Cabugi, tal como outras ocorrências
similares no RN, representa as raízes de um edifício vulcânico extinto.
Possivelmente, no momento de sua formação, algum material líquido ou gasoso
pode ter atingido a superfície na forma de lava ou ocasionado eventuais
explosões. Os processos erosivos subseqüentes ao resfriamento das rochas
basálticas produziram material de fácil transporte por vento, enxurradas e
drenagens, carreando-os e depositando-os em regiões topograficamente mais
baixas. De todo modo, a composição química dos basaltos do Cabugi sugere que
erupções violentas devem ter sido de baixa intensidade, bem diferentes do que a
história registra, por exemplo, no soterramento por avalanche de cinzas,
fragmentos de rocha e vapor de água das cidades de Pompéia e Herculano, na
atual Itália, pelo vulcão Vesúvio, no ano 79 da era cristã.
TÍTULO: O TRINÔMIO GEODIVERSIDADE,
GEOCONSERVAÇÃO E GEOTURISMO: CONCEITOS NECESSÁRIOS PARA A DIVULGAÇÃO DO
PATRIMÔNIO GEOLÓGICO
AUTOR(ES): NASCIMENTO, M. A. L.
CO-AUTOR(ES): RUCHKYS, Ú. A.; MANTESSO NETO,
V.; MANSUR, K.
INSTITUIÇÃO: TERRA & MAR SOLUÇÕES
Marcos Antonio L. do Nascimento - Terra &
Mar Soluções, marcos@terraemarsolucoes.com.br;
Úrsula A. Ruchkys – Curso de Turismo/PUC-MINAS, tularuchkys@yahoo.com.br;
Virginio Mantesso Neto - autônomo,
virginio@uol.com.br;
Kátia Mansur – DRM/RJ - Serviço Geológico do
Rio de Janeiro, kmansur@drm.rj.gov.br
O patrimônio natural envolve formações
biológicas e geológicas, porém a preocupação com a extinção de muitas espécies
de animais e vegetais vem promovendo o desenvolvimento urgente de estratégias
para a conservação da biodiversidade. Infelizmente, as formações geológicas não
são tratadas com o mesmo grau de
profundidade. Compreender o significado do trinômio geodiversidade,
geoconservação e geoturismo auxiliará na formulação de ações úteis para a
conservação do patrimônio geológico.
A Geodiversidade compreende a
variedade de ambientes, fenômenos e processos, de caráter geológico, geradores
de paisagens/relevo, rochas, minerais, fósseis e solos que constituem a base
para a vida na Terra. Isto é, o palco no qual todas as outras formas de vida
são os atores. Ela é tão importante quanto a
biodiversidade, porém ações que contribuem para a conservação da natureza estão
preocupadas unicamente com os seres vivos. Isto se deve, principalmente, a
visão parcial e distorcida daqueles que trabalham com a natureza e da problemática
associada à sua conservação. Enquanto se continuar esquecendo a importância da
vertente geológica nunca se poderá implementar ações eficazes de conservação da
natureza.
A conservação de elementos
representativos da geodiversidade é denominada de Geoconservação e tem
implicações diretas em todo o meio ambiente. O objetivo é preservar a
geodiversidade de significativos aspectos e processos geológicos,
geomorfológico e de solo, mantendo a evolução natural desses aspectos e
processos. A geoconservação reconhece que no processo de conservação da
natureza, o componente abiótico é tão importante quanto o biótico. Esta
geoconservação pode se dar por meio da criação de leis/programas específicos
para o patrimônio geológico e/ou por meio da sensibilização do público sobre a
importância deste patrimônio, utilizando-o para o turismo.
Assim, pesquisadores
preocupados em valorizar, e conseqüentemente conservar, os patrimônios naturais
associados ao meio abiótico existente no mundo, vêm promovendo a divulgação de um
outro segmento de turismo de natureza, o Geoturismo. Ele representa a provisão
de serviços e facilidades interpretativas que permite os turistas adquirirem
conhecimento e entendimento da geologia e geomorfologia de um sítio (incluindo
sua contribuição para o desenvolvimento das Ciências da Terra), além de mera
apreciação estética. O geoturismo como uma abordagem interpretativa realizada in situ pode revelar o significado do patrimônio geológico.
Visitas a esse patrimônio devem abordar questões como introduzir globalmente o
sistema geológico que está sendo visitado; selecionar como objeto de estudo um
exemplo representativo do sistema a ser visitado; utilizar meios adequados a
referenciação geográfica das observações no terreno como cartas
topográficas/fotografias aéreas; e mostrar a importância do patrimônio
geológico para o desenvolvimento da vida.
Com o repasse das definições
e outras informações sobre o trinômio geodiversidade, geoconservação e
geoturismo espera-se estar contribuindo para a geração de ações que permitam a
divulgação das geociências e da conservação do patrimônio geológico.
TÍTULO: O TURISMO ECOLÓGICO-CIENTÍFICO NO DOMO
DE ITABAIANA-SE
AUTOR(ES): SANTOS, M. C. C. A.; SANTOS, I. T.
C. A.
CO-AUTOR(ES): COSTA, J. E.
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Mércia Carmelita Chagas Alves
Santos – UFS
Isaac Thompson Chagas
Alves Santos – UFPE
Prof. Dr. José Eloízio da Costa –
UFS
O turismo ecológico-científico nas
serras residuais do Domo de Itabaiana em Sergipe pode ser observado, principalmente, a partir da presença de estudantes
das escolas e universidades que desenvolvem, naquele espaço, além de atividades
de lazer, trabalhos de pesquisa. Porém, é importante destacar que, nas
atividades desses estudantes e pesquisadores, a utilização dos serviços que são
oferecidos onde o turismo apresenta maior importância econômica, como por
exemplo, o acompanhamento de guias de turismo nas trilhas, nem sempre é
percebida, e que no espaço em tela não são observadas iniciativas
significativas, por parte do Estado ou do capital, para fomentar esse tipo de
turismo. Também, é necessário esclarecer que, tanto a presença dos atrativos
naturais, como a riqueza de possibilidades desse espaço para pesquisas, não são
suficientes para que o turismo, o ecoturismo, ou mesmo o turismo ecológico-científico
se desenvolva, ou que a atividade produza os benefícios esperados pelos seus
agentes, pelo poder público ou pela comunidade, mesmo porque, entre outras
questões, os investimentos necessários para o desenvolvimento do turismo local,
dependerão dessa atividade estar ou não dentro dos projetos do capital.
Palavras-chave: Domo de Itabaiana. Turismo.
Desenvolvimento. Capital.
TÍTULO: PARQUE TEMÁTICO HISTÓRICO-GEOLÓGICO DA
REGIÃO DO CABO DE SANTO AGOSTINHO, PE.
AUTOR(ES): BORGES, L. E. P.; CASTRO, C.
CO-AUTOR(ES): MADRUGA FILHO, J. D.
INSTITUIÇÃO: UFPE
Cláudio de Castro –Departamento de Engenharia
de Minas - UFPE
José Diniz
Madruga Filho - FUNESO/FACULDADE MAURICIO DE NASSAU
Lucila Ester Prado Borges- Departamento de
Geologia - UFPE
A região do Cabo de Santo Agostinho situa-se a
36 km sul de Recife - PE e abriga importantíssimos registros geológicos de
eventos ocorridos há cerca de 100 milhões de anos passados. Entre estes
eventos, ocorreram terremotos, vulcanismos e outros cataclismas que culminaram
com a espetacular separação dos continentes Sul Americano e Africano no final
do período Cretáceo. Os belíssimos pontais de granito que afloram na praia de
Gaibu são cicatrizes dos momentos finais da separação desses continentes,
enquanto os basaltos, riólitos, traquitos e bombas vulcânicas testemunham o
vulcanismo ocorrido. Esses registros, verdadeiro tesouro geológico, são únicos
em toda a América do Sul e tornam a região da maior importância para o turismo
científico, cultural ou simplesmente de lazer.
Aliado a esses eventos a região possui o ponto em que o Brasil foi
descoberto pelo navegador espanhol, Vicente Pinzón, três meses antes de Pedro
Álvares Cabral.
Preocupados com a preservação dos pontos de
maior importância da região, principalmente contra ação predadora da atividade
antrópica, os autores propuseram, em Seminário realizado para as autoridades da
prefeitura municipal do Cabo de Santo Agostinho, a criação de um Parque
Temático Histórico-Geológico e a edição imediata de uma Lei Municipal que
proteja os pontos de maior destaque do futuro Parque. Cientes da importância e
urgência da proposta foi criada uma comissão municipal para viabilizar ações
imediatas para sua implantação. No momento, com os mesmos objetivos e
preocupações, os autores estão ultimando um Projeto a ser encaminhado ao
Governo de Pernambuco, - Programa de Regionalização do Turismo - Roteiros do
Brasil, que conta com o apoio do Governo Federal.
Assim, a possível criação do Parque
transformará sua área em um grande laboratório para investigações científicas e
aulas práticas de Geologia e História, permitindo também a realização de um
turismo educativo, moderno e atraente que irá melhorar ainda mais a renda das
pessoas que trabalham na região.
TÍTULO: PATRIMÔNIO NATURAL E MONUMENTOS
GEOLÓGICOS NOS CAMPOS GERAIS DO PARANÁ
AUTOR(ES): GUIMARÃES, G. B.; MELO, M. S.
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA
GROSSA
Os Campos Gerais situam-se no reverso da Escarpa
Devoniana, segundo degrau do relevo escalonado que caracteriza o Estado do
Paraná. A escarpa é sustentada por arenitos da Formação Furnas (Devoniano da
Bacia do Paraná), os quais sofreram intensos processos diagenéticos
responsáveis pelo sobrecrescimento de quartzo e cimentação por caulinita,
resultando em rochas com baixa porosidade. Entretanto, a caulinita é solúvel
por processos relacionados com a alteração dos arenitos, o que favorece a
erosão superficial e subterrânea, esta em locais onde estruturas rúpteis
incrementam o fluxo das águas de percolação. Os arenitos, além de marcantes
estruturas sedimentares (estratificações plano-paralelas, cruzadas acanaladas e
tabulares), são recortados por feixe de estruturas de direção NW-SE paralelas
ao eixo do Arco de Ponta Grossa (diques, falhas, fraturas). Esta associação de
fatores implica marcantes particularidades fisiográficas na região dos Campos
Gerais: amplos topos aplainados em contraste com escarpamentos, canyons, tetos rochosos que formam
abrigos naturais, relevos ruiniformes, feições de erosão subterrânea (furnas,
sumidouros, lagoas, depressões úmidas e secas), drenagem com controle
estrutural, rios encachoeirados e sobre leito rochoso. Os solos sobre os arenitos
são rasos e suscetíveis à erosão. A vegetação original é de campos dominantes,
com capões e matas ripárias com araucária, floresta estacional e alguns
relictos de cerrado, estes os mais meridionais do Brasil. Este mosaico
floresta/campo proporciona uma grande biodiversidade de fauna e flora, com
endemismos e espécies ameaçadas. A associação das formas de relevo particulares
com a rica biodiversidade enseja a existência de muitos sítios com
significativo patrimônio natural, destacando-se Vila Velha, o Canyon do Guartelá, o Buraco do Padre, e
muitos outros. A região também abriga muitos sítios arqueológicos, vestígios da
penosa travessia do obstáculo representado pela Escarpa Devoniana por indígenas
pré-históricos que se deslocavam entre o interior e a região litorânea. A
partir dos anos 70, a região vem sofrendo marcante transformação: avanço da
agricultura mecanizada sobre os pastos naturais; crescente uso das terras para
plantio de florestas de exóticas (pinus);
inchaço das cidades maiores (Ponta Grossa, Castro, Jaguariaíva, Palmeira) sem
correspondente adequação da infra-estrutura urbana; mineração predatória
(areia, brita, talco, dolomito, argila), com maciços impactos e passivos
ambientais. O quadro atual é de acentuado desequilíbrio ambiental, econômico e
social: áreas com ecossistemas naturais preservados e monumentos geológicos são
muito restritas e estão sob forte pressão; os solos encontram-se em processo de
erosão e esgotamento; o patrimônio natural ainda preservado está ameaçado de
degradação; as águas superficiais e subterrâneas correm riscos de contaminação.
Este quadro está a demandar ações no sentido de conhecer, divulgar e proteger o
patrimônio natural e os monumentos geológicos regionais. A inclusão de porções
preservadas dos Campos Gerais como geoparques, no sentido da UNESCO, poderia
representar um passo efetivo no uso do patrimônio natural para a conservação e
o desenvolvimento sustentável regional.
TÍTULO: PONTO DE INTERESSE GEOLÓGICO: LIMITE
ENTRE AS BACIAS DE CAMPOS E SANTOS. COMO ILUSTRAR UM MONUMENTO GEOLÓGICO
SUBMERSO?
AUTOR(ES): MEDEIROS, F. F. F1.;
MANSUR, K. L. 1; GUEDES, E. 1; GUIMARÃES, P. V. 1;
MOHRIAK, W. 2
INSTITUIÇÃO: (1) DEPARTAMENTO DE
RECURSOS MINERAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – DRM-RJ / (2) PETROBRÁS
Felipe Medeiros(1), Kátia Mansur(1),
Paulo Guimarães(1), Eliane Guedes(1), Webster Mohriak(2),
(1) DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – DRM-RJ /
(2) PETROBRÁS
Com o objetivo de promover a disseminação do
conhecimento geológico, o Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de
Janeiro (DRM-RJ) inaugurou, em 2001, o Projeto Caminhos Geológicos. Este é um
projeto de cunho educativo, cultural, turístico, ecológico e científico, que
sinaliza com placas geológicas os chamados “Pontos de Interesse Geológico”.
Atualmente, o projeto já conta com aproximadamente 50 sinalizações em todo o
Estado do Rio de Janeiro, com uma maior concentração na Região dos Lagos.
No início de 2006, em parceria realizada entre
o DRM-RJ, Petrobrás, UERJ e outros, foram concretizadas algumas sinalizações,
na qual se destaca o “Ponto de Interesse
Geológico: Limite entre as Bacias de Campos e de Santos”, que explica a evolução e a importância
do Alto de Cabo Frio, notável estrutura que delimita as bacias sedimentares
costeiras do sudeste brasileiro Campos e Santos. Tal sinalização encontra-se
localizada nos Municípios de Arraial do Cabo e Cabo Frio. A particularidade que
torna esta placa única é o fato de ilustrar uma feição geológica submersa, que
o leitor não tem acesso direto, mas que causa grande curiosidade por conta da
exploração de petróleo na região.
A importância geológica do Alto de Cabo Frio
como divisor de duas das mais importantes bacias sedimentares da margem
continental do Brasil foi o tema central da placa. A problemática de falar
sobre algo que não é possível ser visto foi contornada com uma metodologia
inovadora para o Projeto Caminhos Geológicos. Ao invés de detalhar a abordagem
sobre o Alto de Cabo Frio, foram ressaltadas as metodologias utilizadas para
comprovar que ali existe tal estrutura geológica.
Neste sentido, figuras de localização do alto
de Cabo Frio, das bacias sedimentares de Campos e Santos e das principais
feições tectônicas regionais situam geograficamente o leitor. O conceito de
bacias sedimentares foi explicado brevemente, ilustrado pela coluna
estratigráfica, mostrando o empilhamento das rochas das bacias. Também foram ilustrados
os métodos diretos (testemunhos) e indiretos (geofísica) de investigação, que
possibilitam ao leitor o entendimento de como obter as informações para
afirmar, por exemplo, que ali existe uma bacia sedimentar ou um o limite entre
duas bacias sedimentares. A sinalização é concluída com um modelo esquemático
da evolução do Oceano Atlântico, em que é possível entender o motivo da
ocorrência dessas bacias sedimentares ao longo da costa brasileira.
Como conclusão, ressalta-se que as placas do
Projeto Caminhos Geológicos utilizam-se de uma linguagem técnica simplificada
ao máximo com a utilização sempre que possível do maior número de imagens
ilustrativas em substituição dos textos. As sinalizações devem estar
localizadas em locais que possibilitem o acesso ao maior numero de visitantes e
próximo ao monumento a que se refere, que neste caso, estão localizadas em duas
praias da região litorânea do Estado do Rio de Janeiro.
TÍTULO: POTENCIAL GEOTURÍSTICO DO MUNICÍPIO DE
RIO DE CONTAS-BA: CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DA TRILHA DA ESTRADA REAL
AUTOR(ES): BARRETO, J. M. C.
CO-AUTOR(ES): CONCEIÇÃO, H.
INSTITUIÇÃO: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
GEOLOGIA, UFBA
José Marden Costa Barreto & Herbet
Conceição.
Curso de Pós-Graduação em Geologia, UFBA (marden.barreto@globo.com)
Os primeiros sinais que despertaram para a
construção do presente trabalho surgiram após a busca de uma região em que se
fosse possível abordar, em uma só temática, três aspectos: variáveis
geológicas, exploração turística e a necessidade de geoconservação.
O município de Rio de Contas, integrante do
denominado “Circuito do Ouro” está inserido no planejamento turístico do Estado
da Bahia, com tradição em atividades econômicas ligadas ao turismo ecológico e
histórico, possuindo também condições extremamente favoráveis para associação
deste turismo ao seu potencial geológico. O município, área alvo do estudo,
possui uma extensão territorial de 1056 km², distando 673 km de Salvador,
localizado no planalto da Serra das Almas na Chapada Diamantina, região do semi-árido
baiano. Possui uma altitude média de 1.000 m acima do nível do mar, suas
coordenadas geográficas estão representadas pelas latitudes 13º 35’ S e
longitude 41º 48’ W.
A área em estudo apresenta a seguinte
compartimentação geomorfológica: serras com cristas e picos de altitudes entre
1.400 m a 2.000 m e planos de erosão inundados (Campos Gerais). O domínio dos
planaltos com estruturas dobradas situa-se na unidade Serras Ocidentais da
Chapada Diamantina.
Os terrenos geológicos presentes nesta região
são compostos pelo Supergrupo Espinhaço, Rio dos Remédios e Paraguaçu, que
constituem uma seqüência de rochas metassedimentares e meta-efusivas ácidas a
intermediárias, do Mesoproterozóico.
Este trabalho foi conduzido a partir de
levantamento bibliográfico e cartográfico dos recursos naturais da região,
assim como dos eventos geológicos responsáveis pelas feições mais importantes.
Já a observação direta durante o inventário das trilhas, feito por meio de GPS,
localizou e registrou imagens dos pontos de interesse geológico. As informações
relevantes obtidas foram processadas e incluídas na confecção de mapas temas,
secções e desenhos.
Este trabalho busca levar ao conhecimento da
comunidade e suas lideranças, a ocorrência de importantes eventos tectônicos –
geológicos que permitam assimilar com brevidade alguma cultura geológica sobre
o local, contribuindo assim para sua preservação. Nele é possível constatar que
a aplicabilidade da difusão de informações geológicas no turismo da região é
não só viável, mas recomendável, se realizada e incentivada de maneira
coerente, sistemática e responsável. Isto, seguramente irá desencadear uma
série de atividades econômicas que, seja de forma direta ou indireta, poderão
beneficiar as comunidades locais e desenvolver a economia regional
transformando-a num importante pólo de atração turística e de preservação.
Com a conclusão deste estudo espera-se
contribuir para a caracterização geológica da Trilha da Estrada Real, via de
acesso edificada no séc. XVII, primor da engenharia lusitana, atração natural
com paisagens belíssimas, ricas em variadas estruturas geológicas. Por fim, o
produto destes estudos será difundido na forma de um Guia Geoturístico, que
servirá de base para implantação de um processo de desenvolvimento turístico sustentável
da área em estudo.
TÍTULO: POTENCIAL TURÍSTICO DA CIDADE DE
PARELHAS/RN: EXEMPLO DA SERRA DAS QUEIMADAS
AUTOR(ES): GALINDO, A. C.; LIMA, M. G.
CO-AUTOR(ES): NASCIMENTO, M. A. L.
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
DO NORTE
Maria da Guia Lima1, Antonio Carlos Galindo2
& Marcos Antonio Leite do Nascimento3 1. Pós-Graduação em Geodinâmica e
Geofísica (PPGG/UFRN), mariadaguia@geologia.ufrn.br; 2. Departamento de
Geologia (DG/PPGG/UFRN), galindo@ccet.ufrn.br, 3. Terra & Mar Soluções em
Geologia e Geofísica Ltda., marcos@terraemarsolucoes.com.br;
A região de Parelhas abriga feições típicas de
aspectos curiosos e que habitam o imaginário popular, que podem ser
identificadas como sítios geomorfológicos, tanto por apresentar beleza cênica,
como também por permitir um estudo sobre o seu processo evolutivo ao longo de
milhares de anos. A Serra das Queimadas é um dos locais que caracteriza este
contexto geomorfológico, sendo geologicamente composta por metaconglomerados e
quartzitos, os quais são freqüentemente intrudidos por pegmatitos
mineralizados. Esta serra desperta curiosidade as visitantes e moradores de
Parelhas/RN, devido à legendária história de uma princesa adormecida dentro da
serra. A constituição geomorfológica resistiva da serra permitiu a preservação
desta em altitudes de até 800m. Este relevo encontra-se em destaque devido à
alta resistência a erosão das rochas que compõem a serra. O contrário é
observado para a região onde afloram os xistos da Formação Seridó, que por ser
menos resistente a erosão, é rebaixada e forma atualmente a região da Depressão
Sertaneja. A orientação do relevo que forma a Serra das Queimadas está
relacionada com as estruturas dúcteis de direção NE formadas no interior da
terra em tempos pretéritos. Esta direção preferencial de erosão é dada devido
as planos de fraquezas na direção NE, gerados na rocha durante sua deformação.
O alto da Serra das Queimadas proporciona aos turistas um belíssimo visual da
região, podendo ser observado um desnível de até 500m em relação à base da
serra. Serras de topo plano, de topos pontiagudos, relevos ondulados, açudes,
entres outras, são feições que podem ser observadas. O modelado atual desta
região é decorrente do rebaixamento do relevo, provocado por processos erosivos
de desgaste e transporte de sedimentos erodidos, que foram carreados em direção
ao litoral. A alternância climática entre períodos de estiagem e períodos de
intensa pluviometria proporcionou uma dissecação do relevo pela drenagem, que
obedece a um rígido controle estrutural. Um dos atrativos desta serra é a
presença de uma grande quantidade de minas de pegmatitos mineralizados. Nestas
minas são extraídos minerais como columbita-tantalita, berilo, micas, granadas,
quartzo rosa, espodumênio, turmalina, entre outros. Além dos depósitos das
gemas, as rochas que compõem a Serra das Queimadas constituem uma fonte
bastante rica de material para construção civil. Dentre os produtos
destacam-se, o quartzito utilizado na construção de pisos e o metaconglomerado
usado como rocha ornamental. Esta serra também é caracterizada pela presença do
sitio arqueológico do Mirador que se localiza nas proximidades da parece do
Açude Boqueirão. Este sítio apresenta uma superfície, factível de ser escavada
de aproximadamente 300 m2 e painéis rupestres ao longo de 40 m do
paredão e dos 15 m de altura que formam o abrigo. Estas pinturas apresentam-se
desenvolvidas em metaconglomerados nas cores vermelha, amarela e branca.
TÍTULO: PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO E
PALEONTOLÓGICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, UTILIZANDO O PROJETO “JOVENS
TALENTOS”
AUTOR(ES): RODRIGUES, M. A. C.
CO-AUTOR(ES): MARIA, J. B. M.; RODRIGUES, B. H.
F.; RODRIGUES, V. L. F.
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
M.A.C. Rodrigues1, J.B. Medeiros Maria2, B.H.
Rodrigues Francisco3, V.L. Fiaux Rodrigues4
1Profa. Titular - Faculdade de Geologia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, IVP – RJ (tutucauerj@gmail.com);
2Fundação CECIERJ; 3Prof. Adjunto -
Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ;
4Discente / Faculdade de Geologia da UERJ , IVP-RJ
O Projeto Jovens Talentos, criado em 1999, é
fruto da parceria das Fundações CECIERJ e FAPERJ, órgãos da Secretaria Estadual
de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro. É seu objetivo,
a inserção de alunos da rede pública estadual de ensino médio no processo de
pré-iniciação científica, com o intuito de despertar vocações para a pesquisa
científica e de realizar a valorização do corpo discente e produzindo desta
forma, um acréscimo na auto-estima dos nossos alunos bem como sua inclusão
social. As propostas de pesquisa envolvem as mais variadas áreas do saber e os
alunos selecionados são inseridos nas áreas de pesquisa declaradas como de
interesse junto às instituições parceiras para atuarem em projetos de pesquisa
já implantados ou especificamente criados para esse fim. Desta forma o jovem
atuará durante oito meses (maio a dezembro) constituindo a primeira fase
denominada de Estagio Inicial. O bom desempenho do aluno, avaliado pelo
orientador, permitirá sua renovação por mais dez meses (março a dezembro).
Neste Estágio Avançado, o “jovem talento” aprofundará sua pesquisa, sempre supervisionado por seu
orientador. Ao longo das duas fases do estágio o aluno receberá uma bolsa para
ajuda de custo. O projeto culmina com a realização anual de uma Jornada Científica
onde os alunos apresentam os trabalhos desenvolvidos. Durante os últimos anos,
felizmente, temos nos surpreendido com inúmeras ações de geoconservação nos
mais variados sítios do mundo. Neste contexto é que o Instituto Virtual de
Paleontologia do Estado do Rio de Janeiro teve a iniciativa de aplicar o
projeto em pauta na preservação do Sítio Paleontológico de São José de
Itaboraí. Foram selecionados vinte alunos de uma escola estadual local, os
quais receberam orientação de acordo com a proposta e os objetivos do projeto.
O grupo recebeu conhecimentos teóricos básicos sobre a geologia e paleontologia
locais, bem como noções de arqueologia, meio ambiente e educação. A
periodicidade dos contatos com a comunidade científica através de palestras e
estudos dirigidos, levou-os ao conhecimento da importância científica do Sítio
e conseqüentemente da necessidade de sua conservação. Foram ainda realizadas
etapas de campo, sempre supervisionadas por pelo menos um dos orientadores o
que possibilitou prepará-los para acompanhar adequadamente os visitantes. Consideramos
de sucesso absoluto a utilização dos Jovens Talentos não só na preservação como
também na divulgação do patrimônio geológico, paleontológico, arqueológico e
histórico desta região piloto. Além de o fazerem com extremo orgulho e
satisfação, pois estão valorizando sua terra natal, são um perfeito elo entre a
comunidade científica e a comunidade local na medida em que transformam o
linguajar técnico em formas de expressão simples e perfeitamente compreensíveis
à comunidade leiga. Observamos inclusive uma efetiva mudança de atitude da
comunidade local com relação ao Parque Paleontológico, o qual passou a ser
visto como um patrimônio a ser preservado.
TÍTULO: PROGRAMA SÍTIOS GEOLÓGICOS E
PALEONTOLÓGICOS DO PARANÁ - SITUAÇÃO ATUAL E TENDÊNCIAS
AUTOR(ES): PIEKARZ, G. F.; LICCARDO, A.
INSTITUIÇÃO: MINERAIS DO PARANÁ S.A. -
MINEROPAR
Gil Francisco Piekarz – Mineropar – gil.piekarz@terra.com.br
O projeto Sítios Geológicos e Paleontológicos
do Paraná foi iniciado pela Minerais do Paraná S.A - MINEROPAR em 2003 com o
principal objetivo de integrar a geologia ao turismo, tanto levando o
conhecimento geológico aos atrativos turísticos naturais, quanto tornando a
geologia um atrativo turístico, com a transformação de pontos notáveis
(afloramentos, paisagens, minas) em “produtos turísticos”.
Neste trabalho estão imbuídas estratégias de
valorização e conservação do patrimônio geológico paranaense, difusão do
conhecimento geológico, abertura de novas áreas para o turismo, elaboração de
material didático, bem como um cadastro dos sítios geológicos, paleontológicos
e mineiros, em um banco de dados. Também foi priorizada a política de integração
entre instituições interessadas neste tema, com a participação da Universidade
Federal do Paraná, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Secretaria de Estado
da Cultura, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Instituto Ambiental do
Paraná, Ecoparaná, prefeituras municipais e associações de municípios.
Inicialmente o trabalho caracterizou-se por
agregar informação geológica às principais atrações turísticas do Paraná,
especificamente Parque Nacional do Iguaçu, Parque Estadual de Vila Velha, Ilha
do Mel, Serra do Mar e litoral paranaense. Para isto foram instalados 25
painéis da geologia, de dimensões 250cm x 150cm, com a descrição sobre a
formação geológica destes atrativos em linguagem acessível ao leigo. Também
foram elaborados folhetos, baseados nos painéis, para que o turista “leve a
informação geológica para casa” de alguns destes atrativos.
Em Witmarsum, no município de Palmeira, um
importante resultado obtido neste programa foi a transformação de estrias
glaciais em produto turístico, graças à implantação de um painel e da
infra-estrutura implantada pela prefeitura e comunidade (estacionamento,
ajardinamento, bancos...). A partir do conhecimento e divulgação da informação
geológica o local passou a receber visitação antes inexistente.
Recentemente os trabalhos passaram a ser
desenvolvidos na forma de Roteiros Geoturísticos, com levantamentos geológicos
realizados em roteiros turísticos pré-definidos. O principal roteiro sendo
desenvolvido refere-se ao trecho da Rota dos Tropeiros no Paraná, envolvendo 16
municípios e 21.000km2 de área estudada. Este levantamento deve
resultar na elaboração de inúmeros materiais didáticos, entre painéis,
folhetos, guias e outros. Além deste, estão em andamento os roteiros Ilha do
Mel (evolução da geologia costeira), em Vila Velha (circuito geoparque), Rota
das Cachoeiras (Prudentópolis) e Circuito da Natureza (Almirante Tamandaré).
O Circuito da Natureza apresenta importância
estratégica por estar dentro da região metropolitana de Curitiba e por isso
abrir possibilidades de levantamentos nos outros municípios. Observa-se que
praticamente toda a geologia do Paraná pode ser mostrada por meio dos roteiros
turísticos já existentes e das atrações turísticas naturais conhecidas e os
resultados positivos deste programa podem ser dimensionados pelos vários
pedidos de prefeituras para implantação de painéis em seus municípios.
TÍTULO: PROJETO CAMINHOS GEOLÓGICOS –
FERRAMENTA PARA INCLUSÃO SOCIAL NO CAMPO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
AUTOR(ES): MANSUR, K. L.
CO-AUTOR(ES): GUEDES, E.; MEDEIROS, F.
INSTITUIÇÃO: DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
- DRM-RJ
1Geóloga, Departamento de Recursos Minerais – DRM-RJ, kmansur@drm.rj.gov.br.
2Geóloga, Departamento de Recursos Minerais – DRM-RJ, eguedes@drm.rj.gov.br
3 Geólogo, Departamento de Recursos Minerais – DRM-RJ, felipemedeiros@drm.rj.gov.br
O Projeto Caminhos Geológicos, implantado em 2001 pelo Departamento de Recursos Minerais – DRM-RJ vem funcionando como uma ferramenta importante para inclusão da sociedade no campo das ciências geológicas. Materializa-se na implantação de painéis com a descrição da geologia e evolução da área que pretendem descrever.
Já foram sinalizados patrimônios geológicos dos tipos tectônico, petrológico / mineralógico, hidrogeológico, paleontológico / paleobiológico, arqueológico, geomineiro, sedimentar e geomorfológico, totalizando 54 painéis implantados até maio de 2006, em 20 dos 92 municípios fluminenses.
Os desdobramentos do projeto já se fazem sentir pelo aumento da participação do tema geologia, apresentado pelo DRM-RJ e/ou seus parceiros, nas discussões de Planos Diretores Municipais, eventos de nível local ou regional, aulas e palestras em escolas, entre outros. Atualmente, as prefeituras vêm demandando a confecção de painéis ao DRM-RJ, com base na importância da divulgação geológica nos projetos de desenvolvimento turístico. Materiais especiais como o “Passaporte” do projeto e roteiros de estradas estão em execução.
Segundo a metodologia adotada para implantação dos painéis com as informações geológicas, o local mais adequado é sempre aquele em que se atinge o maior número de pessoas. Além disto, os textos devem ser escritos em linguagem simples e objetiva, conceituando-se todos os termos técnicos adotados. No presente trabalho será descrita a metodologia utilizada para seleção dos locais de implantação e elaboração do texto e figuras, considerando-se, inclusive, públicos-alvo especiais, como crianças e pessoas cegas.
Palavras-chave/Keywords: disseminação do conhecimento geológico; inclusão social.
TÍTULO: PROJETO MONUMENTOS GEOLÓGICOS DO RIO
GRANDE DO NORTE: A DIVULGAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO POTIGUAR
AUTOR(ES): NASCIMENTO, M. A. L.; CUNHA, E. M.
S.
CO-AUTOR(ES): NESI, J. R.
INSTITUIÇÃO: TERRA & MAR SOLUÇÕES
Eugênio Marcos Soares Cunha - IDEMA/RN;
Júlio de Rezende Nesi – CPRM/Serviço Geológico
do Brasil – Núcleo de Apoio de Natal;
Marcos Antonio Leite do Nascimento – Terra e
Mar Soluções.
O Estado do Rio Grande do
Norte (RN, Nordeste do Brasil), em questão de paisagens, minerais, rochas,
fósseis e outros temas geológicos, apresenta exemplos dos mais didáticos e
completos, indo desde rochas antigas do embasamento cristalino (> 3 bilhões
de anos) até às coberturas de dunas (< 5 mil anos). Muitos desses exemplos
constituem potenciais monumentos, que vêm atualmente despertando também
interesses histórico/cultural em visitas espontâneas ou guiadas por agências de
turismo.
Neste contexto, o Instituto de Desenvolvimento
Econômico e Meio Ambiente (IDEMA) do RN desenvolveu um projeto denominado
“Programa de Desenvolvimento Ecológico do Rio Grande do Norte”, e a partir daí
firmou um convênio com a PETROBRAS/CEFET/FUNCERN e estabeleceu para a sua
execução uma parceria em conjunto com a CPRM/SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL e a
UFRN, no intuito de contar um pouco da história geológica potiguar através de
painéis explicativos. Desta forma, foi implementado, no início de 2006, o Projeto Monumentos Geológicos do RN.
A parceria com geólogos, professores e
pesquisadores da CPRM, PETROBRAS e UFRN está permitindo o levantamento dos
dados e a geração das informações científicas para a confecção das placas
explicativas úteis para levar a sociedade o entendimento a cerca da evolução
geológica do RN.
O objetivo do referido projeto é propiciar a
divulgação das geociências, dos seus monumentos, para proporcionar uma série de
fatores, como: reconhecer e preservar os monumentos geológicos do RN; divulgar
o conhecimento geológico entre as comunidades; fortalecer o potencial
geoturístico da região e incentivar o desenvolvimento sócio-econômico
relacionado com a geologia.
A principal meta é estabelecer a elaboração de
painéis informativos (sinalização turística) com conteúdo didático acerca da
geologia, arqueologia, paleontologia e espeleologia, estes contendo título,
mapa de localização, explicação em um texto em português de fácil entendimento
(e um abstract), os aspectos da
evolução geológica de cada um dos pontos selecionados, podendo ainda para
facilitar a compreensão do público, conter fotografias, diagramas, imagens de
satélites, desenhos esquemáticos, gráficos etc.
Neste primeiro momento, foi selecionado em
conjunto pelo IDEMA/RN, CPRM e UFRN, um total de 16 pontos para colocação dos
painéis. São eles: Morro do Careca, Parque das Dunas, Dunas de Genipabu, Dunas
do Rosado, Arenitos Praiais da Praia dos Artistas, Falésias de Pipa, Corais de
Maracajaú, Caverna de Pedra de Martins, Pico vulcânico do Cabugi, Granito de
Acari, Lajedo de Serra Caiada, Sítio Arqueológico do Lajedo de Soledade,
Tanques Fossilíferos de São Rafael, Mina Brejuí, Pegmatitos de Parelhas e Poço
MO-13 (primeiro poço produtor de óleo na Bacia Potiguar).
Assim, a exemplo de estados com Rio de Janeiro
(pioneiro com a criação do Projeto Caminhos Geológicos), Paraná e Bahia, o Rio
Grande do Norte se torna o quarto Estado brasileiro a ter um programa específico para preservação dos
monumentos geológicos e divulgação destes para a sociedade.
TÍTULO: PROVÍNCIA PEGMATÍTICA DA BORBOREMA:
PEGMATITO ALTO DO BOQUEIRÃO (PARELHAS/RN)
AUTOR(ES): GALINDO, A. C.; LIMA, M. G.
CO-AUTOR(ES): NASCIMENTO, M. A. L.
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
DO NORTE
Maria da Guia Lima1, Antonio Carlos Galindo2
& Marcos Antonio Leite do Nascimento3 1. Pós-Graduação em Geodinâmica e
Geofísica (PPGG/UFRN), mariadaguia@geologia.ufrn.br; 2. Departamento de
Geologia (DG/PPGG/UFRN), galindo@ccet.ufrn.br, 3. Terra & Mar Soluções em
Geologia e Geofísica Ltda., marcos@terraemarsolucoes.com.br;
O Município de Parelhas, localizado na porção
centro-sul do Estado do Rio Grande do Norte, tem no segmento de minerais de
pegmatitos a sua maior diversidade de bens minerais, com destaque para
turmalina, água marinha, columbita-tantalita, granada, ametista, feldspato,
caulim, mica e quartzo. Este setor se caracteriza pela predominância de um
grande número de corpos pegmatíticos (cerca de 1500 corpos), que por vezes,
devido a sua resistência a erosão, se destaca no relevo formando belas
paisagens. Esta geodiversidade de minerais, muitos considerados preciosos,
atrai a atenção de turistas, comerciantes, bem como dos moradores da cidade. A
primeira exploração destes pegmatitos se deu na época da I Guerra Mundial para
extração da mica, passando por um período de quiescência até a segunda metade
da década de 30, quando a procura por minerais de Ta-Nb e Cu, desencadeou uma
onda de exploração dos pegmatitos que durou até o fim da II Guerra Mundial. No
início da década de 40 a região de Parelhas foi palco de intensa atividade
extrativa mineral com a produção de berilo e tantalita-columbita, provenientes
de numerosos pegmatitos. Posteriormente e até o presente, muitos desses corpos
passaram a ser trabalhados para a produção de feldspatos e caulim, ambos de
excelente qualidade para a indústria de cerâmica. No começo da década de 90
despertou-se o interesse pelas turmalinas e vários corpos tornaram-se
produtores dessa gema. Um exemplo de extração de gemas valiosas, retiradas
destes pegmatitos, é a Turmalina Paraíba, extremamente apreciada no mercado
nacional e principalmente, no internacional, em países europeus e asiáticos.
Dentre os pegmatitos que compõem a Província Pegmatítica da Borborema, o
Pegmatito Alto do Boqueirão foi um dos mais bem estudados, tanto pelas suas
dimensões, como pela natureza tipicamente heterogênea, exibindo zonação interna
simétrica, grande variedade de minerais acessórios e expressiva produção de
berilo e tantalita. Este pegmatito ocupa a crista da Serra das Queimadas,
próximo a sua extremidade norte, a uma altitude de 550m, cujo acesso é íngreme.
O corpo tem extensão de 400m, espessura de 30m, direção NE e é discordante do
metaconglomerado, este último a rocha encaixante. Neste pegmatito são
identificadas quatro zonas: a zona I, formada por lepidolita, microclina e
quartzo; a zona II constituída por microclina, quartzo e granada; a zona III
que apresenta cristais gigantes de microclina, contendo também quartzo,
muscovita, berilo e tantalita, e a zona IV que consiste de vários núcleos de
quartzo. A literatura dispõe atualmente de uma quantidade razoável de dados geocronológicos
(K/Ar, Rb/Sr e U/Pb) sobre as idades dos pegmatitos que compõem esta Província
mostrando um range de 550 a 450
Milhões de anos para a formação destes corpos.
TÍTULO: QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MINAS GERAIS:
UM POTENCIAL CANDIDATO A GEOPARQUE
AUTOR(ES): RUCHKYS, Ú. A. 1; NOCE,
C. M. 2
CO-AUTOR(ES): GOMES, B. P. M. 1;
SCHOBBENHAUS, C. 3
INSTITUIÇÃO: 1. PUC-Minas,.2.CPMTC-UFMG,
3. CPRM
O Quadrilátero Ferrífero localiza-se na porção
centro-sudeste do Estado de Minas Gerais, ocupando uma área aproximada de 7.000
km2. O contexto geológico do Quadrilátero Ferrífero é caracterizado
por três grandes associações de litotipos; duas de idade arqueana representadas
por terrenos granito-gnáissicos e uma unidade do tipo greenstone belt (Supergrupo Rio das Velhas), e uma seqüência
metassedimentar paleoproterozóica contendo formações ferríferas bandadas do
tipo lago-superior (Supergrupo Minas). Encontram-se no Quadrilátero Ferrífero
elementos geológicos representativos de parcela considerável da evolução
Pré-Cambriana. Este registro está preservado nos seus diferentes conjuntos de
rochas que contam sua história geológica associada à mudanças nas
características da atmosfera, hidrosfera e a evolução da vida. Além da
importância geológica, o Quadrilátero Ferrífero possui também uma diversidade
de interesses que reflete seu grande valor patrimonial do ponto de vista histórico-cultural
- já que a região tem sua história marcada pelo desenvolvimento de atividades
relacionadas à extração de ouro e ferro - e turístico, devido ao rico
patrimônio natural e cultural e a sua inserção no Circuito do Ouro e na Estrada
Real. Além disto, o Quadrilátero Ferrífero integra, juntamente com a Serra do
Espinhaço, a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, reconhecida pela UNESCO
em 2005 e que ocupa cerca de 30.700 km2. Reservas da Biosfera são
áreas reconhecidas pela UNESCO como de importância mundial para a conservação
da biodiversidade. O Programa Geopark
da UNESCO opera em sinergia com os Programas de Patrimônio Mundial e Reservas
da Biosfera. Para a UNESCO os geoparks são territórios com limites bem
definidos, envolvendo sítios do patrimônio geológico em qualquer escala de
importância científica, beleza ou raridade, representativa de uma área e de sua
história, eventos e processos geológicos. O Programa Geoparks tem como objetivo promover uma rede global de lugares que
têm significado geológico especial por meio da seleção de territórios em todo o
mundo para preservação dos elementos extraordinários do nosso planeta. É
importante que a área tenha também valor ecológico, arqueológico, histórico ou
cultural e deve ter potencial para desenvolver o geoturismo, além de atividades
educativas direcionadas ao público em geral, sobre temas associados a
geociências. A idéia de criação de um Geopark
da UNESCO é muito apropriada para o Quadrilátero Ferrífero e pode ser um
instrumento interessante de conservação de um exemplo significativo do
patrimônio geológico pré-cambriano do nosso planeta.
TÍTULO: ROTEIRO GEOLÓGICO PELOS MONUMENTOS E
EDIFÍCIOS HISTÓRICOS DA CIDADE DE SÃO PAULO
AUTOR(ES): FAMBRINI, G. L. ;STERN, A. G.
CO-AUTOR(ES): RICCOMINI, C. ; FAMBRINI, G. L. ;
CHAMANI, M. A. C. ;
INSTITUIÇÃO: DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
A.G. Stern (IGc-USP), C.R. Riccomini (IGc-USP),
G.L. Fambrini (PRH-26/DGEO-UFPE) & M.A.C. Chamani (IGc-USP)
A região central da Cidade de São Paulo
apresenta uma grande diversidade de materiais rochosos utilizados em sua
construção. Esses materiais apresentam mineralogia e texturas peculiares e
tornaram-se representantes de um período histórico, arquitetônico, e mesmo
econômico de nossa sociedade. Este trabalho visa à elaboração de um roteiro de
visitação ao centro histórico de São Paulo com enfoque nas rochas e suas
características geológicas, utilizadas em construções e monumentos.
Pretendeu-se abranger no roteiro edificações e monumentos que representassem
uma amostragem diversificada de tipos de rochas. Foram selecionados rochas de
diferentes origens (ígneas, sedimentares e metamórficas), incluindo exemplos
com enfoques paleontológicos e/ou paleoambientais. Todo o roteiro está
localizado nas cercanias das principais estações centrais do Metrô, de modo que
o percurso possa ser feito a pé, viabilizando a realização de uma excursão
geológica em pleno centro urbano e a baixos custos, além de permitir a adição
de outros locais de interesse histórico e cultural bem como restaurantes, bares
e cafés que facilitem a realização do roteiro por pessoas de qualquer faixa
etária. Procurou-se selecionar edifícios que fossem revestidos externamente por
rochas ornamentais produzidas no Brasil, ou, se importadas, se soubesse a
procedência e houvesse a possibilidade de serem amostradas. O roteiro inclui os
seguintes monumentos históricos da Cidade de São Paulo: o Hotel Eldorado
Boulevard, a Biblioteca Pública Mário de Andrade, o Teatro Municipal de São
Paulo, os edifícios Conde Matarazzo, Martinelli, Independência, do Banco do
Brasil e da Caixa Econômica Federal, o Tribunal de Justiça da Alçada Civil, a
Igreja e Mosteiro de São Bento e a Catedral da Sé. A elaboração de um roteiro
geológico pelo centro da Cidade de São Paulo é uma contribuição para a melhor
divulgação das Geociências junto à população, turistas e em escolas de ensino
fundamental e médio do país. O roteiro geológico aqui proposto permite a
observação e familiarização com alguns dos tipos de rochas que compõem o nosso
planeta. Aborda questões como a composição textura, mineralogia, origem, idade
e também para que servem e como são utilizadas essas rochas no nosso cotidiano.
A caracterização e o estudo das rochas ornamentais implicadas também permitem
acompanhar a evolução da exploração e utilização desses materiais ao longo do
tempo (substituição de mármores e rochas carbonáticas importados por gnaisses,
granitóides, sienitos etc. de origem nacional) e suas implicações para a
conservação e restauro dos monumentos históricos. A localização na área central
da cidade e o enfoque em rochas utilizadas em edificações de interesse
histórico e arquitetônico objetivam a integração entre o conhecimento geológico
e outras áreas do conhecimento; assim, com o auxílio de profissionais de áreas
como arquitetura, história, engenharia e geografia, pode-se desenvolver
roteiros de estudos com enfoques múltiplos, para pessoas de qualquer faixa
etária; a isso se alia também a facilidade de acesso da área, permitindo a
realização desses roteiros a baixo custo. Outro aspecto a ser destacado é o
incremento dos roteiros turísticos em São Paulo, contribuindo com os projetos
atuais que objetivam a revitalização do centro histórico de São Paulo.
TÍTULO: ROTEIRO GEOTURÍSTICO NA ILHA DO MEL,
PARANÁ, BRASIL
AUTOR(ES): PIEKARZ, G. F.; LICCARDO, A.;
ANGULO, R. J.; SOUZA, M. C.
INSTITUIÇÃO: MINERAIS DO PARANÁ S.A. -
MINEROPAR
Gil F.Piekarz – MINEROPAR – gil@onda.com.br
Antonio Liccardo – MINEROPAR – liccardo@ambienteimagem.com.br
Rodolfo José Angulo - Universidade Federal do Paraná –
angulo@ufpr.br
Maria Cristina de Souza - Universidade Federal do
Paraná – cristina@ufpr.
A Ilha do Mel, com 2.600ha, é um dos três principais atrativos
turísticos do Estado do Paraná, sul do Brasil, com 93% de sua área transformada
em Estação Ecológica e Parque Estadual. Situada na desembocadura da Baía de
Paranaguá, é formada por morros rochosos de até 148m de altitude e por
planícies arenosas. A Ilha apresenta intensa visitação turística,
principalmente em função da beleza cênica e dos aspectos naturais. De acesso
fácil por barco, apresenta um rico e concentrado conteúdo geológico,
paisagístico, histórico, antropológico e biológico.
Painéis informativos sobre o contexto geológico foram implantados
nos três principais pontos de visitação da Ilha, sendo tradicional a caminhada
de 8km entre estes locais. Neste trecho foi implantado o roteiro geoturístico
que apresenta um amplo conjunto de processos geológicos costeiros, de fácil
visualização e altamente didáticos. São apresentados os diversos ambientes de
sedimentação da ilha com estruturas geológicas típicas e vários indicadores
espaço-temporais de paleoníveis marinhos, conduzindo ao entendimento da
evolução paleogeográfica da Ilha do Mel, desde o máximo da transgressão marinha
do Pleistoceno Tardio (120.000 anos) até o presente. Também são mostrados os
cuidados no uso e ocupação da Ilha tendo em vista que, por sua localização, o
ambiente apresenta alta mobilidade costeira, com intensos processos de erosão e
sedimentação.
São, ainda, apresentados aos visitantes afloramentos de migmatitos
proterozóicos que constituem os morros, com belíssimas exposições de estruturas
geológicas e de sua composição; e de diques de diabásio relacionados à abertura
do Oceano Atlântico no Jurássico, cuja principal exposição forma a Gruta das
Encantadas, cartão postal da Ilha.
Pesquisas científicas são realizadas constantemente na Ilha do Mel
e o território é uma área de proteção ambiental legal. A implantação do Roteiro
Geoturístico representa um elo de ligação entre o conhecimento geológico
atualizado e o público, utilizando como base o turismo consciente já existente.
TÍTULO: SERRAS E MONTANHAS DA REGIÃO DE
ACARI-RN (O MACIÇO GRANÍTICO ACARI)
AUTOR(ES): GALINDO, A. C.
CO-AUTOR(ES): LIMA, M. G.; SÁ, E. F. J.;
NASCIMENTO, M. A. L.; CAVALCANTE, R.
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
DO NORTE
Antonio Carlos. Galindo(DG-PPGG-UFRN); Maria da
Guia Lima (PPGG-UFRN); Emanuel Ferraz Jardim de Sá (DG-PPGG-UFRN); Marcos
Antonio Leite Nascimento (Terra & Mar Soluções); Rogério Cavalcante (CVRD)
Na região de Acari, centro sul do Rio Grande do
Norte, ocorre uma série de serras com altitudes e formas morfológicas variadas
(Bico da Arara, Serra de Acauã, Serra de Pai Pedro, Serra do Minador etc, todas
com cotas máxima da ordem de 500 – 600m), as quais no seu conjunto constituem o
que é denominado na literatura geológica da região de “Maciço Granítico Acari”,
geologicamente situado na denominada Faixa Seridó-FSe da Província Borborema.
Este Maciço Granítico tem uma área de exposição da ordem de 300 km2
com orientação principal N-S. As rochas que dominam nestas serras são granitos,
ocorrendo ainda, em menor quantidade, rochas dioríticas. Os granitos são
principalmente os tipos de textura grossa a muito grossa, por vezes francamente
porfiríticos, onde se destacam megacristais de feldspato potássico com até 15cm
no seu eixo maior, e compõem em torno de 70% do maciço. Ocorre ainda um fácies
menor representado por microgranitos leucocráticos, principalmente na parte
norte do maciço, e subordinadamente rochas dioríticas que ocorrem
essencialmente como encraves de formas e tamanhos variados. Dados
geocronológicos apontam para uma idade em torno de 580Ma, comum aos demais
corpos graníticos da região, similares textural e composicionalmente ao Maciço
de Acari (Granitos Tourão e Caraúbas, na porção oeste da FSe, e Monte das
Gameleiras na porção leste). Um dos aspectos turísticos mais apreciados na
região deste maciço, é a presença da barragem Marechal Dutra, mais conhecido
como Açude Gargalheiras. O Gargalheiras está situado a aproximadamente 5 km a
NE da cidade de Acari, ele possui uma capacidade de acumulação de água que pode
chegar a 40.000.000 m3, e está encravado no vale do Rio Acauã, vale
este situado entre as serras do Minador e da Lagoa Seca, a oeste, e a Serra de
pai Pedro a leste, e teve sua construção realizada na década de 40. São
encontradas ainda várias inscrições rupestres em afloramentos desse Maciço
Granítico, boa parte ao longo do vale do rio, após o sangradouro do Açude
gargalheiras. Escaladas e rapel são atividades realizada na serra do Bico da
Arara, o ponto mais alto da região com cota máxima da ordem de 630m.
TÍTULO: SUBSÍDIOS GEOLÓGICOS PARA O
PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL DO TURISMO
AUTOR(ES): SILVA, J. R. B.
CO-AUTOR(ES): PERINOTTO, J. A.
INSTITUIÇÃO: IGCE/UNESP - RIO CLARO
José Reynaldo Bastos da Silva
(Pós-Grad. em Geociências e Meio Ambiente/IGCE/Unesp - Rio Claro – SP)
José Alexandre Perinotto (DGA/IGCE/Unesp - Rio Claro –
SP) perinoto@rc.unesp.br
As iniciativas governamentais de criação de
estâncias vêm motivando o desenvolvimento do turismo em várias localidades do
Brasil, inclusive interioranas. Depois de criadas, as estâncias passam por um
processo evolutivo que requer planejamento e gestão ambiental.
A partir da década de 1980
intensificaram-se os estudos sobre o comportamento evolutivo do turismo no
tempo e no espaço. Esse comportamento é cíclico num intervalo de tempo
aproximado de 20 anos. Nesse tempo se incrementa exponencialmente o número de
turistas. Esse tempo começa com a fase de envolvimento da comunidade e
exploração do espaço, passa por uma fase intermediária de desenvolvimento pleno
da atividade e se completa com uma fase final de estabilização ou de
consolidação do turismo na estância. Esta é uma fase apical quando se atingem
os limites de capacidade de turistas por área.
A partir daí, o turismo tende a entrar em
estagnação ou declínio. Para evitar essa tendência e continuar crescendo sem
degradar o meio ambiente, indica-se reorientar o turismo para uma fase de
rejuvenescimento, que só é possível com a abertura de novas áreas potenciais
nas proximidades das atuais, otimizando o espaço do entorno quase que no mesmo
tempo de permanência do turista na localidade por ele escolhida.
A alternativa factual tem sido a transformação
de recursos naturais em atrativos naturais. Nesse contexto, a aplicação dos
conhecimentos da geologia vem contribuindo de forma a planejar o espaço e gerir
a atividade turística. A geologia vem propiciando o aumento de pontos
pitorescos, indicando subsídios técnicos para a ocupação dos atrativos naturais
e minimizando efeitos do impacto ambiental negativo do turismo nesses
ambientes.
A geologia vem também para orientar as rotas de
turismo para o campo científico e tecnológico de conotação cultural para o
turista.
Os traços geológicos como
atributos turísticos são marcados pela estratigrafia, geologia histórica,
geologia estrutural, geotectônica, geomorfologia, paleontologia e arqueologia.
Seus registros ocorrem em pedreiras ou frentes de lavra de minérios, cachoeiras,
afloramentos marginais às rodovias, ferrovias e hidrovias. A explicação
geológica sobre o significado desses testemunhos naturais vem agregar valor ao
turismo.
No foco do planejamento da ocupação territorial
o principal subsídio é o zoneamento geoambiental. Com base nesse,
essencialmente faz-se uma subdivisão territorial de acordo com variáveis tais
como tipo de solo, rocha, recursos hídricos e topografia, para depois agrupar
espacialmente os aspectos comuns em unidades homólogas e contínuas espacialmente.
A indicação dos empreendimentos turísticos
compatíveis com o meio físico pode gerar um plano estratégico de
desenvolvimento e estabelecer um guia de negócios para o turismo.
Para a gestão ambiental, a geologia é também um
componente essencial, tanto no enfoque preventivo aos riscos naturais da
ocupação antrópica como na recuperação ou reabilitação de áreas degradadas.
Os subsídios geológicos são, portanto,
estratégicos para o planejamento e gestão ambiental do turismo.
TÍTULO: TURISMO MINERAL E GEOTURISMO EM MINAS
GERAIS
AUTOR(ES): LICCARDO, A.; BAMBERG, G.
INSTITUIÇÃO: PIETRA NOBILE GEMAS & MINERAIS
Antonio Liccardo – .Pietra
Nobile Gemas & Minerais -
liccardo@ambienteimagem.com.br
Guilherme Bamberg – GEA –
geabr@uai.com.br
O Estado de Minas Gerais é reconhecido como
grande produtor de minerais gema e amostras raras para coleção, estando boa
parte de seu produto turístico ligado à produção e comercialização destes
minerais. Excursões científicas para visitação de minas, garimpos e comércio de
gemas, normalmente ligadas a congressos, feiras e simpósios, apresentam uma
média de inscrições muito maior que em outras temáticas e, ainda, empresas de
turismo oferecem roteiros que envolvem turismo mineral em algumas regiões.
Levantamentos preliminares foram realizados
para a implementação de uma rota geoturística/mineral envolvendo o turismo
tradicional, ligado à história, ao patrimônio natural e ao comércio de minerais
e gemas, com a apresentação de informações científicas ao visitante. A
Província Pegmatítica Oriental, o Quadrilátero Ferrífero e a Serra do Espinhaço
formam um considerável pacote de dados que são introduzidos em linguagem
simplificada e acessível neste trabalho.
O turismo como atividade geradora de renda
encontra hoje, no Brasil, seu melhor momento, em função das inúmeras variantes
que estão sendo desenvolvidas, do aprimoramento dos serviços e da globalização.
Geoturismo é a oferta de informações sobre os processos de formação e sobre
ambientes geológicos em pontos de visitação turística. O turismo mineral é uma
variação do geoturismo que atinge, além dos apreciadores do ambiente natural,
colecionadores e compradores de minerais e gemas, com especial importância
econômica e social em Minas Gerais. O geoturismo e o turismo mineral já existem
há vários anos em outros países, definindo um produto turístico de grande valor
e sem limitação de durabilidade como alguns produtos artificiais.
Minas Gerais apresenta um interessante conjunto
de características geológicas que podem ser oferecidas como produto turístico
além dos tradicionais. A história do povoamento ligado à mineração e os
cenários naturais podem ser considerados como fatores de turismo cultural e de
consumo. Este tipo de turismo já acontece e não tem sido apreciado em sua
verdadeira dimensão. Cidades como Ouro Preto e Diamantina apresentam esse
perfil juntamente aos atrativos turísticos clássicos. Entre igrejas históricas
e a arquitetura colonial floresce o comércio de minerais e a visitação a
antigos ambientes de mineração. Outras, como Teófilo Otoni e Governador
Valadares, apresentam o turismo mineral ou de consumo como o mais importante
dentro de suas estruturas econômicas, com intenso fluxo de turistas
consumidores de gemas ou minerais.
A criação de uma rota geoturística ou de
turismo mineral em Minas Gerais representa o aprofundamento, a divulgação e a
integração de um potencial já existente e espontâneo. Os fatores históricos,
geológicos, geográficos e sociais integrados resultaram num roteiro que engloba
os seguintes municípios: Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, Itabira, Nova Era,
Guanhães, Santa Maria do Itabira, Governador Valadares, Conselheiro Pena, Galiléia,
Teófilo Otoni, Padre Paraíso, Araçuaí, Diamantina e Corinto. Neste roteiro são
contemplados o patrimônio geológico natural, a história da mineração e a
cultura mineral e gemológica, além dos patrimônios arquitetônico e histórico.
TÍTULO: UM ARCO EM GRANITO: O PARQUE DA PEDRA
FURADA – VENTUROSA –PE.
AUTOR(ES): MARIANO, G.
CO-AUTOR(ES): BARBOSA, J. A.
INSTITUIÇÃO: UFPE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE
PERNAMBUCO
O parque da Pedra Furada, é composto por um
arco em granito localizado 5 km a leste do município de Venturosa no Estado de
Pernambuco. Trata-se de uma feição rara desenvolvida a partir de fraturamento
subhorizontal por alívio de tensões e erosão preferencial na porção diorítica
da rocha. A rocha que compõe o arco é um granito de textura grossa a
porfirítica, com megacristais de K-feldspato com até 10 cm de comprimento e com
área aflorante de aproximadamente 200 km2, denominado batólito
Alagoinhas. O batólito Alagoinhas pertence à associação cálcio-alcalina de alto
potássio, conhecida como granitos do tipo Itaporanga. O arco tem vão de
aproximadamente 100 m de área vazada e altura máxima de 50 m em sua porção
central. Localizado em cotas topográficas acima de 700 m permite uma visão
privilegiada da região. A região é composta de afloramentos de rocha granítica
pertencentes ao batólito Alagoinhas. Feições de abaulamento de blocos com
dimensões métricas e centenas de toneladas, fazem parte da área nas vizinhanças
do parque. O processo de esfoliação esferoidal comum em rochas graníticas
favorece o desenvolvimento destas feições. A origem do arco pode esta
relacionada à erosão preferencial de um enclave de dimensões métricas de
composição diorítica e posterior colapso de blocos por gravidade. Na área
imediatamente abaixo do arco são encontrados blocos que foram desmembrados do
corpo principal por gravidade e contribuíram para a formação do arco. Por
tratar-se de uma feição natural de rara beleza a Pedra Furada foi utilizada
como painel para pinturas rupestres, representando animais e cenas diversas.
Infelizmente o maior painel se encontra parcialmente destruído por registros
(inscrições) dos visitantes modernos. Não há fiscalização na entrada do parque
e os visitantes desinformados sobre a importância das pinturas rupestres fazem
questão de gravar seus nomes com tintas diversas, inclusive a óleo sobre as
pinturas. Vale destacar que uma das pinturas intactas, possivelmente,
representaria uma preguiça gigante. Este animal da megafauna é considerado como
tendo sido extinto no final do Pleistoceno (ca. 10.000 anos) e raramente
registrado em pinturas rupestres. O vandalismo que ocorre com as pinturas
rupestres do parque da Pedra Furada reforça a importância de investimentos em
educação ambiental e respeito ao patrimônio histórico e geológico. Faz-se
necessário um trabalho com a comunidade local para que as informações sejam
repassadas aos visitantes. Este trabalho deve ter início nas escolas de ensino
fundamental da região.
TÍTULO: UTILIZAÇÃO DE FEIÇÕES GEOMORFOLÓGICAS
COMO ATRATIVO TURÍSTICO: O EXEMPLO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
AUTOR(ES): SOUSA, D. C.; LIMA, M. G.
CO-AUTOR(ES): SOUSA, D. C.; NASCIMENTO, M. A.
L.; LIMA, Z. M. C.
INSTITUIÇÃO: PPGG/UFRN
Maria da Guia Lima – Doutoranda do PPGG/UFRN,
mariadaguia@yahoo.com.br;
Debora do Carmo Sousa – PPGG/UFRN,
debora@geologia.ufrn.br
Marcos Antonio L. do Nascimento - Terra &
Mar Soluções, marcos@terraemarsolucoes.com.br;
Zuleide Maria Carvalho Lima – Departamento de Geografia/UFRN, zuleide@ufrnet.br;
O Rio Grande do Norte (RN)
possui uma grande diversidade de feições geomorfológicas, seja no interior como
no litoral, apresentando exemplos dos mais didáticos e completos, indo desde
rochas do complexo cristalino até às coberturas de dunas. Muitos desses
exemplos constituem potenciais sítios geoturísticos, que vêm despertando
interesse histórico/cultural em visitas espontâneas ou guiadas por operadores
de turismo.
No interior potiguar
destacam-se duas categorias de serras, ambas com seu arcabouço constituído por
rochas cristalinas, porém uma categoria possui no topo uma cobertura
sedimentar, caracterizando um topo plano. Os principais exemplos no Estado são
as serras de Martins, Portalegre, Santana e João do Vale. Já aquelas
constituídas unicamente por rochas cristalinas mostram-se com topo pontiagudo
ou irregular, tendo como principais representantes os picos do Cabugi e Totoró,
as serras do Feiticeiro, do Bico da Arara, das Queimadas, da Formiga, João do
Vale, São Bento, entre outras. Estas diferentes formas de relevo refletem as
interações existentes entre atividades que ocorrem no interior da terra
(magmatismo e tectonismo) e as dinâmicas atmosféricas, hidrogeológica e
biológica. Estes fatores moldam de forma permanente as paisagens presentes no
Estado. A atuação dos processos erosivos, com predomínio de erosão diferencial,
juntamente com a atuação dos processos de intemperismo proporciona o desgaste
da rocha com conseqüente formação do cenário atual. Os sedimentos erodidos
durante a formação deste modelado do relevo do interior do Estado foram transportados
em direção ao litoral, onde foram depositados e hoje constituem os depósitos
arenosos que ocorrem ao longo de todo o litoral.
No litoral, o principal
destaque em termos de relevo são as falésias, que constituem escarpas costeiras
abruptas não cobertas por vegetação que se localiza na linha de contato entre a
terra e o mar, sendo do tipo ativa ou inativa. No RN são formadas pelas rochas
sedimentares da Formação Barreiras. No litoral oriental são encontradas as
falésias ativas e no litoral setentrional são mais comuns as inativas. Como
principais exemplos têm-se as das praias de Tabatinga, Tibau do Sul, Pipa,
Ponta do Mel. Outro atrativo paisagístico são as dunas, estas são geradas por
acumulação de areia depositada pela ação do vento dominante e podem ser fixas
ou móveis. As principais formas de dunas no Estado são as barcana,
longitudinais e transversais. Muitas dessas dunas são consideradas
cartões-postais de Natal, sendo o caso a duna do Morro do Careca e as de
Genipabu.
A intenção de utilizar a paisagem
(e seu relevo) como atração geoturística vem da necessidade de cobrir uma
lacuna do ponto de vista da informação. A idéia é permitir com que o turista
não só contemple aquelas paisagens, mas entenda um pouco a respeito dos
processos geológicos responsáveis pela sua formação, o que levaria a uma maior
valorização do cenário.