MUSEU DA AMETISTA NO RIO GRANDE DO SUL

 

Antonio Liccardo (ICTM- liccardo@ambienteimagem.com.br),

Pedro Luiz Juchem (UFRGS),

Nelson Luiz Chodur (UFPR), João Addad (ICTM).

 

Na Região do Alto Uruguai, norte do Rio Grande do Sul, está localizada a maior jazida de ametista do planeta, em depósitos do tipo geodo em basalto na Formação Serra Geral (Jurássico-Cretácio) da Bacia do Paraná. A ametista é explotada nesse Estado desde o início do século XIX, com conhecimento trazido por imigrantes alemães. Nessa região são comuns geodos de dimensões métricas que alcançam algumas centenas de quilos, extraídos do interior de túneis horizontais de até 100 a 200 metros de comprimento, abertos por garimpeiros no basalto inalterado. Associado à ametista pode ocorrer ágata, quartzo hialino e quartzo róseo euédrico, além de calcita (em uma grande variedade de formas e cores), gipsita (variedade selenita) e barita. Esses minerais em geral constituem agregados mineralógicos belíssimos, em amostras que são disputadas por colecionadores e cobiçadas por grandes museus do mundo. Depósitos semelhantes existem no Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná, constituindo um extenso Distrito Mineral que se estende por esses três Estados. Numa iniciativa inédita na região, foi instalado o Museu da Ametista no município de Ametista do Sul, um dos principais produtores da região. Esse museu apresenta características especiais que revelam o potencial de integração de aspectos econômicos, culturais, científicos e ambientais. O projeto do Museu foi realizado aproveitando duas galerias de mineração com mais de 20 anos de exploração, observando-se ainda encravados no basalto vários geodos com minerais interessantes e de valor comercial que não foram extraídos, porque na época não tinham interesse econômico. As galerias subterrâneas confluem para um salão, de onde o visitante pode passar para um outro túnel que dá acesso a uma frente de lavra com garimpeiros ainda em atividade. O museu apresenta ainda uma infra-estrutura composta por salas de exposição de amostras, estrutura de comércio, serviços e de aproveitamento paisagístico, que inclui um mirante de onde se avistam vários garimpos em atividade nas encostas de um morro que fica em frente ao Museu. O acervo do museu é excepcional e de grande importância mineralógica, por permitir que peças especiais permaneçam em território nacional. A proposta dessa instituição privada (o empreendedor é um produtor e comerciante de pedras local) apresenta perspectivas que promoverão o desenvolvimento da região em aspectos turísticos e educacionais, bem como da diversificação da economia. A proximidade com Iraí, município já com infra-estrutura turística em função de águas termais, o bom conteúdo paisagístico e o contexto histórico da mineração são pontos fundamentais para o desenvolvimento turístico. O intercâmbio com a UFRGS, que possui um Laboratório de Gemologia, ou outras Universidades da região, pode gerar o necessário envolvimento cultural, científico e educacional. Em termos museográficos o projeto está em sintonia com alguns conceitos modernos de interação com o público e representa para as geociências no Brasil um resgate de parte de sua história e um bom exemplo de aproveitamento ambiental, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região.