ST 11 – MINERALOGIA E GEMOLOGIA

 

GEMAS NO PARANÁ

 

Antonio Liccardo - Pietra Nobile Gemas & Minerais – liccardo@ambienteimagem.com.br

Nelson Luiz Chodur - Universidade Federal do Paraná – chodur@ufpr.br

 

            A ocorrência de gemas no Paraná é conhecida há muito tempo, sem que, no entanto, tenham sido realizados estudos detalhados de suas características gemológicas ou geologia das jazidas. As gemas conhecidas até o momento são o diamante, ametista, citrino, calcedônias, opala e safira azul, e recentes circunstâncias de mercado apontam a necessidade de aprofundamento científico neste setor.

            A primeira notícia sobre diamantes refere-se a moradores do Tibagi, que em 1754, encontraram uma pedra faiscando nos córregos da região. Na primeira metade do século XX, esse diamante ficou famoso pela sua qualidade, quando houve um grande surto de garimpagem no local. O uso de escafandros por mergulhadores difundiu-se e começou-se a lavrar o fundo do Rio Tibagi.

            Os depósitos são aluvionares ou em terraços antigos e a origem geológica do diamante tem sido alvo de muitas controvérsias. Os depósitos estão sobrepostos a litologias de origem glacial, sugerindo a possibilidade do diamante ser proveniente dos diamictitos. Não foram encontrados, até o momento, corpos kimberlíticos ou lamproíticos que pudessem ser associados como fonte primária, nem mesmo minerais indicadores. Entretanto, não se conhece extração de diamante diretamente das rochas presentes na região.

            Recentemente, restrições do mercado mundial de diamantes serviram de estímulo à extração na bacia do Tibagi, e hoje se encontram dragas e mergulhadores em cerca de sessenta pontos ao longo do rio. Além disso, um dos minerais encontrado em concentrados de peneira foi identificado como coríndon, variedade safira azul, com boas possibilidades de aproveitamento gemológico.

Ametista e calcedônias são conhecidas no Paraná há muitas décadas, exploradas eventualmente por garimpeiros. Desde 2001, ocorrências situadas em Chopinzinho, voltaram a produzir quantidades significativas de ametista, destacando-se amostras com excelente qualidade. Alguns produtores começaram também a realizar tratamento térmico, produzindo citrino de boa qualidade. Novas tecnologias no tratamento de quartzo incolor ou ametistas claras por irradiação de raios gama abriram um novo horizonte em relação ao aproveitamento de subprodutos.

Os geodos de ametista ocorrem em um derrame de basalto com aproximadamente 10m de espessura e características semelhantes aos derrames produtores do Alto Uruguai, RS. Igualmente, a caracterização das gemas de Chopinzinho, mostrou grande semelhança com a ametista do Rio Grande do Sul. As variedades da calcedônia são encontradas em lavras a céu aberto, em meio ao solo, sendo recolhidas por tratores de esteira. Opalas negras foram identificadas, próximo a Cascavel, e estão relacionadas a depósitos hidrotermais nos basaltos.

Nos últimos anos o panorama gemológico sofreu drásticas mudanças. O diamante apresentou aumento na demanda e os certificados de origem resultaram em aumento de investimentos nas zonas produtoras sem conflitos, como é o caso no Paraná. Novas técnicas de lapidação e design determinaram um melhor aproveitamento e agregaram valor aos materiais mais comuns, como calcedônias ou safiras opacas, e a irradiação em quartzo incolor revolucionou o mercado de gemas para indústria joalheira. Estas circunstâncias apontam um expressivo potencial econômico para a produção de gemas no Paraná nos próximos anos.