BASES PARA A IMPLANTAÇÃO DO  GEOTURISMO E GEOCONSERVAÇÃO NO PRIMEIRO PLANALTO PARANAENSE E SERRA DO MAR

 

1Gil F. Piekarzgil@onda.com.br

2Antonio Liccardoliccardo@ambienteimagem.com.br

1Minerais do Paraná

2Pietra Nobile Gemas & Minerais

 

            A política do turismo no Brasil determinou, nos últimos anos, um intenso processo de descentralização, com a municipalização e a criação de roteiros temáticos, buscando alternativas para o tradicional binômio sol-mar. Este direcionamento apresentou resultados positivos e refletiu como oferta de produtos turísticos variados e especializados, entre eles o geoturismo, que propõe a informação científica (geológica e geográfica) como atrativo para um público leigo. Com estudos da Unesco e de vários países desenvolvidos, o geoturismo vem sendo pesquisado e implementado há pelo menos uma década e no Brasil, embora de maneira incipiente, profissionais de geologia, geografia e turismo têm atuado há algum tempo, com bons resultados colhidos. Juntamente com o geoturismo veio à tona um novo questionamento que se refere à geoconservação, ou conservação de monumentos geológicos. Território rico em patrimônio natural, com importantes monumentos e parques, o Paraná apresenta fortes interesses neste setor.

            Diferentes regiões estão sendo estudadas e painéis informativos já foram implantados em pontos de visitação turística pela Mineropar. O primeiro planalto e a Serra do Mar apresentam-se como áreas de grande potencial geoturístico e com importantes levantamentos a serem realizados.

            Os maciços graníticos da Serra do Mar e sua morfologia especial, os mármores e metacalcários, as mineralizações em ouro ou as águas minerais do primeiro planalto refletem um conjunto de informações sobre eventos e eras geológicas, cuja divulgação traz importantes contribuições ao desenvolvimento sustentável e ao amplo entendimento do meio-ambiente.

            A história da ocupação humana no primeiro planalto e os caminhos percorridos desde o litoral foram profundamente influenciados por fatores geológicos. Os caminhos históricos, como o Itupava, o vale da Ribeira, ou mesmo a Estrada da Graciosa foram caminhos ligados à busca do ouro, que tanto influenciou no povoamento do Paraná. No primeiro planalto, além das históricas minas de ouro em Ferraria e Timbotuva, entre as mais antigas do Brasil, a mineração apresenta um forte conteúdo histórico e cultural com potencial para visitação turística. A antiga mina de chumbo, prata e zinco de Adrianópolis é um museu a céu aberto, revelando um importante período da história econômica e geológica do Paraná. As estâncias hidrominerais, historicamente, sempre estiveram ligadas à visitação turística, como o Parque Ouro Fino ou o antigo Cassino do Ahú. Antigos fornos de cal, olarias artesanais e cavas de areia transformadas em parques ou zoológico são testemunhos do processo de urbanização e progresso ocorrido no Paraná, nas últimas décadas. O caulim e a porcelana produzida e vendida em Campo Largo há décadas colocam mais uma vez a geologia e mineração em contato com o turismo.

            A Serra do Mar e o Primeiro Planalto apresentam, também, importantes pontos de beleza natural em diferentes contextos geológicos. Cavernas em rochas carbonáticas no karst, cachoeiras e picos na serra, nascentes de rios e a própria geomorfologia são fontes de um rico conteúdo cultural, cuja divulgação deve ser oferecida como produto turístico.

            Nesta região já existem rotas definidas, como Circuito da Natureza, Rota da Uva, e outros, onde se pode agregar o conhecimento geológico ao produto turístico já existente. Os principais mecanismos utilizados no geoturismo são o levantamento detalhado de pontos geoturísticos, a implantação de painéis informativos, a criação de folhetos e mapas simplificados, além da capacitação de condutores e agregação de informações geológicas a pontos e circuitos já existentes.