AS IMAGENS GEOLÓGICAS EM LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS

 

Fernanda K. Marinho da Silva (doutoranda do DGAE / IG / UNICAMP)

fernanda@ige.unicamp.br

Maurício Compiani compiani@ige.unicamp.br

 

O presente estudo tem como tema central as imagens voltadas para a comunicação da Geologia e representa um recorte de uma dissertação de mestrado, defendida na área de pós-graduação em Educação Aplicada às Geociências do IG/UNICAMP. A origem desta dissertação está no Projeto “Geociências e a formação continuada de professores em exercício no ensino fundamental” (suporte financeiro: CNPq, FINEP e FAPESP-Ensino público), uma vez que os livros observados no trabalho original foram os mais utilizados pelas professoras participantes deste projeto. Centralizamos nossa atenção para as imagens, devido à reconhecida importância destas para a construção do conhecimento geológico no ensino fundamental. Para Amador (1998), a expressividade da imagem para a área geológica é tão alta, que em muitas vezes os estudantes entendem os gráficos, mapas e diagramas como sinônimos da própria Geologia. Nas palavras da autora: “esta identidade comprovada entre uma disciplina e os seus instrumentos é significativa da importância que as imagens possuem nesta área de conhecimento” (p. 22). Neste trabalho discutimos algumas relações entre imagens e textos existentes nos livros didáticos, avaliando o potencial comunicativo dessa relação com os conteúdos geológicos. Ao destacar relações entre as imagens perceptivas e o pensamento, ARNHEIM (1989) foi um dos referenciais que nos auxiliou no entendimento da imagem como uma linguagem importante para a produção do conhecimento. Deste modo, não se deve categorizar a percepção como matéria-prima para o conhecimento, uma vez que o pensamento não vem a posteriori da intuição, mas procede a partir de imagens perceptivas. “(...) o pensamento perceptivo tende a ser visual, e, de fato, a visão é a única modalidade dos sentidos em que as relações espaciais podem ser representadas com precisão e complexidades suficientes” (p. 149). Concluindo mais adiante que “o pensamento então é principalmente visual” (p. 149). Nesse sentido, o autor nos esclarece sobre a necessidade de modificarmos os modos de “ver” no processo educacional, que tradicionalmente está ligado à verbo-oralidade. Após a observação das imagens dos livros didáticos, vimos que não é possível descrever a imagem sem trata-lá conjuntamente aos seus textos, sendo assim, destacamos os seguintes

aspectos após esta observação:

 

• diversidade de relação entre a imagem e o texto: importância do texto em detrimento à imagem, ou vice-versa; importância da legenda para a leitura d imagem;

• problemas conceituais nas imagens: a tradição da linguagem escrita não permite que reconheçamos a imagem como portadora de sentidos, por isso, então, carregada de erros conceituais, e

• tendência a uma geologia descritiva, distante da concepção histórica.

 

AMADOR, F. As imagens no ensino de Geologia. Formação de Professores. 1. ed. Aveiro:

Universidade de Aveiro, 1998. 74. (Série Ciências, n. 2)

 

ARNHEIM, R. Intuição e intelecto na arte. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. 1. ed.

brasileira, São Paulo: Martins Fontes, 1989. Cap. A Duplicidade da mente: A intuição e

o intelecto, p. 13-30. Cap. Em defesa do pensamento visual, p. 141-159.